Renisse Ordine

12/11/2020 07h57
 
A crônica do tempo em “Cartas Perdidas em um mar de palavras”
 
Em tempos de passos largos e olhares ansiosos para os celulares grudados nas palmas das mãos, parece que a vida passa e não estamos mais nela. Com tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, o sentido da identidade fica perdido, e, até mesmo nos sentimos solitários diante de todo esse movimento que atravessa o espaço, na velocidade de um raio de luz. 
 
Vivemos freneticamente! 
 
Em um estalar de dedos a vida passa, perdemos pessoas, reencontramos outras. Os dias passam ligeiro! O que é primordial agora, amanhã estará em uma lata de lixo. 
Conseguir desabafar é uma questão de sobrevivência, fazer-se ouvir é um mérito nesse cotidiano amalucado em que o tempo é menor do próprio tempo, os segundos roubam as horas, os dias roubam os meses e os meses roubam os anos. Tudo é para ontem!
 
Agora, imagine-se andando pelas ruas e, de repente, você encontrasse textos escritos que o levassem a uma reflexão sobre como você gasta o seu tempo? Essa é a ideia simbólica do livro de Guilhermo Codazzi da Costa, “Cartas Perdidas em um Mar de Palavras”. São crônicas em que o autor revive o seu passado, através de uma escrita simples em que narra as suas histórias contagiantes. 
 
Durante a leitura não é impossível mudarmos de lado e darmos pausa, nessa ligeireza que nos toma, para relembrarmos as nossas próprias vivências. Tendo como companheiros, as lágrimas dos olhos e o nó da garganta. 
 
Revivendo a nossa história e aquelas pessoas queridas, sentindo novamente o achocolatado gelado na boca, as brincadeiras de rua com os amigos e o saudosismo de uma época que não volta mais. 
 
Há uma entrega total do autor com a sua escrita, numa leveza que nos transporta junto às suas memórias. Uma troca de palavras, no espaço das vírgulas, sentimos a necessidade de continuar um pouco mais sentado e se sentir no lugar do menino da janela e ter a certeza que nos tornamos o que realmente sonhamos. E termos a resposta de nosso espelho, se aquela criança que um dia olhava pela janela, teria orgulho da pessoa que encontrou no futuro. 
 
Com grande talento, Guilhermo Codazzi, consegue fazer com que as suas memórias particulares passe a habitar a vida de outros indivíduos. Reconstruindo, para que não se percam como seres-humanos, em meio a esse furacão que os rodeia. 
 

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