Bia Crispim

24/07/2020 00h01
Nasci de novo
 
 
Nasci de novo!
 
Sim! No último dia 11 deste mês, eu comemorei dois aninhos de vida.
 
Como assim? Dois anos!
 
Exatamente no dia 11 de  julho de 2018, em um cartório de Currais Novos, cidade onde nasci, eu recebia meu novo Registro de Nascimento. 
 
Nascia naqueles 11 de julho, a cidadã brasileira Bia Crispim de Almeida, sexo feminino, reconhecida em todo território nacional e fora dele. 
 
Saí do cartório para uma jornada de apresentação e reconhecimento dessa cidadã em todos os órgãos necessários. Inicialmente precisei fazer as novas fotos 3x4 para daí dar continuidade a esse longo processo (por isso chamo de jornada). 
 
Com fotos e Registro de Nascimento em mãos, me encaminhei à Receita Federal, onde o CPF dessa nova pessoa foi registrado, para daí eu poder ir ao ITEP fazer a nova ID e depois ir à Delegacia do Trabalho tirar a nova CLT, e ainda ir à SEEC (onde sou cotada como servidora pública da educação) com a nova documentação, para alteração dos meus registros. 
 
Sim!, tive que ir ao Banco, à Justiça Comum, à Justiça Eleitoral, à Secretaria de Saúde, às secretarias das escolas em que trabalho... Enfim... Uma jornada... Mas, eis-me aqui!
 
Uma mulher trans com toda sua documentação retificada e corroborada por todos os órgãos públicos e privados aos quais tenho acesso...
 
Por que estou contado isso? Para que vocês que me leem entendam a importância de ser oficialmente quem se é, para que as pessoas de um modo geral compreendam o valor que essa documentação tem para uma pessoa trans.
 
Receber um novo Registro de Nascimento, e consequentemente os outros documentos, cria a sensação de aceitação que toda trans deveria ter o direito de vivenciar. É entender que o Estado Brasileiro nos reconhece como nos vemos, como nos identificamos e gostaríamos de ser reconhecidas.
 
É legitimar nossas existências. É abrir portas para nossas conquistas. É nos dar o direito à educação, ao mercado de trabalho, à vida social de que todos que não são trans gozam tão livremente.
 
È nos libertar! É permitir que sejamos... Sejamos a pessoa que realmente somos.
 
 

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