Cefas Carvalho

03/06/2020 00h02
 
 
Sobre luta contra tudo e todos; Fascismo, Racismo, vírus e o (des)governo
 
 
Sim, o ano de 2020 não está para brincadeira, principalmente se você nasceu e mora naquela Ilha de vera Cruz descoberta (ou invadida, por acaso ou não) pelas caravelas portuguesas, depois chamada Brasil, este país distópico e surreal, bonito por natureza e talvez não tão abençoado por deus (se houver um) como Jorge Benjor e muita gente pensa.
 
Vamos aos fatos, que são bem tensos: Vivemos tempos de pandemia. O mundo inteiro passa pela crise do Coronavírus, que não tem vacina, nem cura, e apesar da baixa letalidade, é de fácil contágio, o que gera superlotação e consequente colapso nos hospitais, gerando, por sua vez, mortes que poderiam ser evitadas. Isso já foi dito muitas vezes, mas como ainda tem gente que não entendeu, é sempre útil repetir.
 
Esse problema gera por sua vez a necessidade de isolamento/distanciamento social, essencial para diminuir, evidentemente, o contágio e, como já foi dito, não colapsar o sistema de saúde pública. Porém, contra a eficiência deste isolamento no Brasil temos três fatores; 1) A dificuldade em parte da população de entender a necessidade do confinamento, 2) A falta de pulso dos governos estaduais e das prefeituras com as pessoas do ítem 1 e com os empresários que querem abrir tudo em prol da Economia e 3) Um (des)governo federal genocida que trabalha abertamente contra o enfrentamento ao Covid-19 e parece ter parceria com o vírus. Hoje, terça-feira, 2 de junho, o Brasil chegou a 31 mil óbitos e não chegamos ao pico.
 
Há ainda a luta paralela contra o fascismo, sonho do (des)presidente que temos e que brinca de nos ameaçar semanalmente disso. E batalha contra o racismo, que mesmo em tempos de pandemia e isolamento, ainda encontra balas para matar pessoas pretas, principalmente nas periferias, justo onde o vírus é mais letal, pelas condições sanitárias e estruturais. 
 
Então lutamos contra um vírus e contra um governo federal que não liga para a morte dos cidadãos ("E daí?", não é?). De quebra, um problema a mais: os efeitos do isolamento. Não falo aqui do inevitável tédio e das angústias de não sair de casa, esses são os privilegiados. Falo do aumento de violência doméstica, de agressões sexuais contra crianças, de casos de suicídio e depressão. Não está fácil ser brasileiro atualmente. Dias de luta. Contra tudo e contra todos, aparentemente. E a meta é sobreviver. A tudo isso.
 

*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR (A).