Cefas Carvalho

11/03/2020 00h01
 
Os patriotas que odeiam o Brasil
 
 
Nesta segunda testemunhamos o presidente da República dizer, em solo norte-americano, que o pleito onde ele próprio foi eleito, foi fraudado.
 
Na prática, afirmou que não confia no sistema eleitoral do país. muito menos no TSE.
 
Meses atrás havia dito que não existiam filmes de qualidade produzidos no Brasil.
 
Também já facilitou e respaldou invasões em terras indígenas, registrando que os índios são os habitantes nativos do Brasil.
 
Nos movimentos de rua patriotas, digamos, pró-Bolsonaro, os bolsonaristas não raramente empunham bandeiras dos EUA e de Israel.
 
Por falar nos EUA, a postura do presidente, dita até por gente do Governo, é de absoluta vassalagem aos ´States`e a Trump.
 
Recentemente vídeo divulgado em grupos de Zap de Direita mostrava um homem vestido de cavaleiro templário convocados para os atos do dia 15, que pedem fechamento do Congresso e STF.
 
Os templários surgiram na Inglaterra entre 1100 e 1200 para defender valores cristãos, mas também históricos. Nada têm a  ver com o Brasil. descoberto, digamos, em 1500 e que tornou nação soberana em 1822.
 
Na verdade os patriotas de hoje pouco ou nada valorizam o Brasil. É um pessoal que cultua a vida e a cultura norte-americanas. 
 
E que despreza parcela considerável - ou maioria - da população brasileira, negros, LGBT, mulheres, índios. 
 
Patriotismo, por bem ou por mal, é valorizar e celebrar as coisas do próprio país. Eu, particularmente, acho o conceito de pátria uma besteira completa. Mas, me espanto com o fato bem óbvio dos patriotas não serem exatamente patriotas.
 
O Brasil é um país multifacetado, miscigenado, ecumênico, de tamanho continental e formado por etnias diferentes, com o adendo de uma imigração em massa que abrangeu diversos países (Itália, Alemanha, Síria, Líbano, Japão, entre outros). Esse é o Brasil.
 
Um Brasil que os patriotas não veem em seu mundinho fechado. Na verdade, parecem odiar esse Brasil multicolorido. 
 
Um patriotismo bem, digamos e no mínimo, restrito e seletivo.
 
Que no fundo não é e nunca foi patriotismo.
 
Um patriotismo que no passado era encantado com Paris e Londres e hoje é encantado com Miami e com a Disney. Uma pena.

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