Renisse Ordine

02/01/2020 01h31
 
 
Como podem dois risquinhos em um exame causar uma tremenda mudança em nossa vida, tomando horas de sono e dias de trabalho, em que o único pensamento vai para uma pequena criatura, que irá revirar toda a nossa existência? Um simples exame para um complexo resultado.
Somos diariamente contagiados por textos e mais textos sobre a gravidez escrita por mulheres que vêm sua vida, rotina, presente e futuro modificados por esses dois risquinhos.  
 
O autor Marcelo Cunha Bueno, com o seu livro “Sopa de Pai”, na verdade, vem com uma nova proposta e reflexão, com um olhar masculino, nessa nova etapa em seu casamento com Gabriele, que está grávida de seu primogênito. 
 
Em formato de um diário, ele relata as descobertas, alegrias, inseguranças, ansiedades, e escolhas do casal que estão a nove meses de ter outra vida em suas mãos, principalmente, por serem os responsáveis pela existência do pequeno Enrique.
 
Desde que mundo é mundo, a figura masculina no relacionamento com a família é o da subsistência, o de dar um lar e comida; os demais cuidados e carinhos são da figura feminina. Com a leitura do livro, podemos acompanhar de maneira curiosa, o outro lado, a visão do homem diante do nascimento de um filho, como cita o autor “A transformação do menino em um pai”.
 
De maneira graciosa, seguimos os nove meses de aventura do casal Marcelo e Gabi. Sentindo como um pai reflete, principalmente sobre as mudanças de sua mulher, o corpo, a barriga que cresce e o bebê que se mexe. O que vem a ser isso para um homem que somente pode participar com o olhar e demonstrar a sua presença através dos toques e aconchegos de seus braços e mãos, assistindo a essa belíssima união de mãe com seu filho no ventre?
 
Para pensarmos o futuro, é necessário repensar o passado, e com o isso o autor nos leva a sua infância, revisitando a sua vivência com os seus pais, e de como ele foi crescendo cada etapa até a vida adulta. Tudo isso para refletir em como ele quer ser como Pai e pretende ser visto pelo olhar de seu filho. Como uma página em branco, tanto ele como Gabi serão os primeiros condutores dessa nova vida, até que o filho consiga pegar o lápis e trilhe o seu caminho.
 
Uma passagem marcante nesse diário é a compra do primeiro brinquedo do pai para o filho, com o desejo de estarem ligados por um elo de lembranças. Criando suas próprias histórias, únicas na vida familiar. 
 
 Com esses relatos, Marcelo Cunha Bueno consegue firmar as novas mudanças de nossa era, em que o pai deixa de ser coadjuvante e passa a ser atuante. Uma nova reflexão de que os sentimentos de inseguranças e angustias referem-se igualmente ao homem.   
 
Um pai tem tanto como a mãe a vida e rotina alteradas depois dos dois risquinhos e são os autores da vida de um pinguinho de gente, que com as inúmeras etapas a serem vencidas, percorrem juntos nessa nova vida que começa e recomeça sempre.
 
“Ser pai é refazer o caminho, sem parada, sem chegada, simplesmente vivendo, a cada dia, a novidade, o inédito no viver de uma criança”.
 

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