Andrea Nogueira

03/08/2019 00h10
 
 
Novos homens estão nascendo porque novas mulheres já cresceram
 
 
Tem dias que saímos de casa cheias de vontade de mudar o mundo. Noutros dias, saímos cheias de vontade de mudar de mundo.
 
Casa, comida e roupa lavada. Cabelo, pele e corpo. Mãe exemplar, mulher exemplar e profissional exemplar. Trabalho, lazer e hobbies. Pouco tempo para muitas atividades e muita disposição para recomeçar todos os dias. As mulheres vivem a pressão de dar certo.
 
O mercado de trabalho abriu as portas para as mulheres, mas elas ainda estão se acostumando. TPM, sentimento de culpa e medo estão sempre presentes no universo feminino. 
 
Um novo desafio aparece e coincidentemente aparece aquela TPM. Uma carreira brilhante pela frente com muitas reuniões de negócios, viagens profissionais, tempo enorme ausente de casa e aquele sentimento de culpa por não estar na reunião de pais ou pintando o arco-íris da tarefinha vem pra desmoronar tudo. Um projeto desafiador se apresenta e o medo de assumi-lo dentro de um universo majoritariamente masculino aparece como uma cereja no bolo. Assim, fatores biológicos, sociais e políticos acabam desafiando diariamente as mulheres. 
 
Sheryl Sandberg, CEO do Facebook, ao escrever um livro chamado “Faça Acontecer” mostrou como a própria mulher acaba, sem querer e sem perceber, autossabotando sua carreira, enxergando-se mais frágil. Obviamente existem fatores externos consolidados pelo tempo, cheios de condutas machistas, quais ajudaram a incutir a ideia de insuficiência nas próprias mulheres. Mas já é tempo de libertar-se. Os meninos desta nova geração já estão crescendo acostumados com mulheres independentes, gestoras de suas vidas, seguras de si e corajosas para enfrentar as diversas situações que inviabilizaria o mercado de trabalho feminino. Novos homens estão nascendo porque novas mulheres já cresceram. É mais comum ver o machismo estampado nas ações, palavras e comportamentos de pessoas com mais de 50 anos do que em adolescentes.
 
Poucas palavras e muitas ações fazem tudo dar certo. Não é preciso deixar o medo pra trás, assim como é quase impossível desvincular-se da TPM regular ou outros fatores biológicos. As mulheres podem seguir em frente com os medos, os sentimentos de culpa, o batom, o salto alto e todas as suas características femininas. Podem seguir, pois alcançarão seus objetivos e realizações. No final, toda essa carga que aparentemente a deixa mais frágil é que viabiliza a transformação social e cultural experimentada pelo mundo. O que parece fragilizar, na verdade fortalece. Que venham os desafios.

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