Evandro Borges

15/11/2019 11h11
 
O dia de Zumbi e da consciência negra
 
O dia 20 de novembro é o dia de Zumbi e da consciência negra homenagem adotada pela Lei nº 12.519/2011 sancionada pela então presidente Dilma Rousseff, e que mais de mil Municípios no país já adotaram como feriado em face da possibilidade da Lei 9.093/95 que estabelece os feriados no país, cabendo aos Municípios instituírem quatro feriados religiosos, incluído a sexta-feira santa e mais um dia cívico.
 
Zumbi considerado herói nacional, guerreiro da família de Ganga Zumba, um dos organizadores do quilombo dos Palmares, com datação histórica do século XVII, situado no que é hoje o Estado de Alagoas, reunia nas matas da caatinga os negros escravos fugitivos de seus senhores, principalmente de Fazendas e Engenhos que produziam o principal produto da colônia, o açúcar comercializado para a Europa, como o primeiro produto de massa.
 
O herói nacional Zumbi foi morto em 1695 na última campanha das forças coloniais para acabar com o quilombo dos Palmares, com sua cabeça exibida em Recife. A expedição contou com as tropas do bandeirante Domingos Jorge Velho que realizava emboscadas a maneira de guerrilhas fazendo fortes incursões em uma agressividade feroz, cujas tropas chegaram a estacionar no Rio Grande do Norte em apoio à matança dos índios na guerra dos bárbaros, quando das conquistas do Vale do Assú, dando expansão as oficinas de carne charqueada.
 
A escravidão no Brasil perdurou todo o período colonial e monárquico, sendo os portugueses e brasileiros os maiores traficantes de escravos capturados na África por sequestro ou compra, mas a escravidão foram praticadas em todos os lugares, desde os gregos e romanos na antiguidade, como também, espanhóis, ingleses, alemãs, russos, americanos, holandeses que travaram com a União Ibérica uma guerra sem tréguas, na Ásia, na África e na América portuguesa. 
 
A região que mais forneceu escravos para o Brasil foi Angola, o tráfico era uma empreitada que precisava de uma rede de articulação que envolvia a África com inúmeras relações com líderes locais e feitorias, mercadores, navios, tripulação, religiosos e centros consumidores que se instalaram na Europa e principalmente na América pela produção de produtos primários, como o açúcar, o café, cacau, tabaco, algodão, da mineração e outros.
 
A escravidão no Brasil estava presente em toda parte, nas lavouras e engenhos, na mineração, no comércio, nas instituições religiosas, nas residências e no aparelho do Estado, oficialmente o tráfico negreiro foi encerrado em 1850, com a Lei Eusébio Queiroz, e a abolição se deu com a Lei Aurea assinada pela princesa regente Isabel, que sonhava com o terceiro reinado.
 
A escravidão institucionalizada no Brasil foi desumana, aniquilava com os negros que aqui aportava, pois a travessia do Atlântico nos navios negreiros deixava um rastro de mortos, aqui casais e famílias eram separadas, logo na chegada pela compra nos leilões realizados nos mercados, sendo os maiores centros de comercialização Recife, Salvador e Rio de Janeiro, que contava com o maior mercado das Américas, o “valongo” do caís.
 
Os negros eram marcados com ferro em brasa incandescentes, trocados os nomes para a nomenclatura cristã, cumpriam uma jornada de trabalho extenuante, com uma expectativa de vida em torno de trinta e cinco anos, com agressões físicas instituídas em lei, proibida a sua religiosidade, suas casas eram mocambos de palha ou senzalas, eram de fato completamente desfigurados.
 
O dia de Zumbi e da consciência negra, no próximo dia 20 de novembro, deve ser de profundo sentimento de análise das gritantes diferenças sociais, de solidariedade e de transformação, inserindo o conceito de cidadania principalmente em relação aos Afrodescentes, uma oportunidade de reconciliação, de busca de formação de consensos da nacionalidade centrada na dignidade humana.

*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR (A).