Wellington Duarte

07/10/2019 17h15
 
SOBRE AS ELEIÇÕES EM PORTUGAL: UMA "GERINGONÇA" QUE FUNCIONA
 
Nas eleições de ontem, 06/10, Portugal trouxe uma boa notícia.
 
Lá o reacionarismo não floresce e os conservadores recuaram das votações.
 
O Partido Socialista (PS), de CENTRO-ESQUERDA, consolidou-se no governo, com 36,7% dos votos (+4,3% do que em 2015) e elegeu 106 dos 230 deputados (+ 20 cadeiras).
 
No campo da ESQUERDA, o segundo partido mais votado foi o Bloco de Esquerda (BE), formado em 1999 por grupos maoístas e ultra-revolucionários, que ao longo do tempo foram assumindo uma postura crítica ao regime, mas aceitando a participação no jogo parlamentar. O BE teve 9,8% dos votos (-0,5%), mantendo estável em relação a 2015 e consegui manter os 19 deputados.
 
O terceiro e mais expressivo partido do campo da ESQUERDA, na verdade é uma aliança entre o Partido Comunista Português-PCP e o Partido Verde-PV, que formam a Coligação Democrática Unitária (CDU), formada em 1987. Nestas eleições a CDU obteve 6,5% dos votos (- 1,8%) e elegeu 12 deputados (-5 em relação a 2015).
 
PS e CDU formam a "geringonça", nome pelo qual os portugueses passara a chamar carinhosamente a coalizão que governa o país desde 2015.
 
A ESQUERDA portuguesa, portanto, obteve 53% dos votos e elegeu 137 dos 230 deputados, dispondo assim de folgada maioria. Na verdade a maioria é alcançada com 116 deputados, ou seja, os votos do PS e da CDU (118) já alcançam a maioria.
 
E a DIREITA? Essa foi FRAGOROSAMENTE DERROTADA.
 
É de se notar que a coalizão que apresentou-se às eleições de 2015, chamada de "Portugal à Frente", formada pelo centro-direitista Partido Social-Democrata (PSD) e do democrata-cristão conservador Centro Democrático Social-CDS/Partido Popular - PP, CDS-PP, dissolveu-se e os 2 partidos apresentaram-se separados, sendo essa decisão desastrosa.
O PSD , que elegera 86 deputados em 2015, recuou para 77, perdendo 11 deputados. Já o CDS-PP foi praticamente varrido do mapa, caindo de 18 para 5 deputados.
 
Os fascistas portugueses, amontoados na coalizão Basta!, fundado às pressas em abril desse ano, com os monarquistas e o partido extremista Cidadão e Democracia Cristã (CDC), uma espécie de PSL português, teve irrisórios 1,3% dos votos e elegeram 1 deputado.
 
Caberá ao presidente português encarregar o atual primeiro-ministro de formar novo governo e ver se a "geringonça", que é uma coalizão entre o PS, o BE e a CDU, formada na base do respeito a independência de opinião desses partidos, continuará a governo esse pequeno país Ibérico.
 

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