Cefas Carvalho

19/06/2019 00h52
 
Seleção Brasileira e povo: Lua de mel que acabou e relacionamento em crise
 
 
Na estreia do Brasil na Copa América contra a Bolívia na semana passada, lá estava eu em um bar, mais exatamente no lendário Espetinho Eucaliptos, lugar onde gosto de assistir partidas de futebol, quando me dei conta que no bar quase lotado ninguém estava com a camisa amarela tradicional da seleção.
 
A bem da verdade, nem a própria seleção do Brasil estava de amarelo. A CBF achou por bem vestir os jogadores com uma camisa branca, anunciada como homenagem à seleção de 1919 que disputou a primeira Copa América com tal camisa.
 
Mas, sabemos que o buraco é mais embaixo. Há alguns anos a camisa "canarinha", como sempre foi chamada, foi usada por um determinado grupo de pessoas para protestar.
 
Nada demais. A não ser pelo fato que as pessoas que foram às ruas de camisa amarela da seleção pediram primeiro o impeachment de uma presidenta legitimamente eleita e sem  envolvimento em ilícito. Mas, até aí releva-se. Mas, o pessoal com camisa amarela depois foi visto pedindo intervenção militar, celebrando Ditadura e pedindo fechamento de Congresso e STF.
 
Aí ficou difícil usar a camisa amarela "da CBF" sem parecer de Extrema-Direita.
 
O fato se agravou neste primeiro semestre de Governo Bolsonaro, onde parte dos bolsonaristas se apegou ainda mais à camisa amarela enquanto parte da população, mesmo entre quem votou no "mito" começou a se aborrecer com a falta de gestão, medidas polêmicas e queda para o autoritarismo.
 
De maneira que o resultado se refletiu na relação entre povo e seleção brasileira. Uma relação já estremecida, com a falta de títulos, a arrogância de alguns craques, o desinteresse de outros, a ausência de um líder nato, de maneira que a lus de mel eeterna entre a "amarelinha" e o povo se rompeu.
 
Para não ser precipitado na minha conclusão da primeira partida, mal terminou o jogo fui em outros bares da rua ver se testemunhava alguém, homem, mulher ou criança, com a camisa canarinha. Ninguém.
 
Se o Brasil vencer a Copa América e a situação política arrefecer neste ano (o que é até improvável) a velha paixão pode voltar? Difícil dizer.

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