Wellington Duarte

12/05/2019 11h27
A Origem do Dia das Mães : Anna Jarvis, a mulher que criou e rejeitou essa data
 
Pode ser que o “Dia das Mães”, como a conhecemos, tenha surgido, aqui no Brasil, por causa de uma proposta vinda de um grupo religioso, Associação Cristã de Moços do Rio Grande do Sul (ACM-RS), que celebrou a data pela primeira vez em 1918 e que, em 1932 coube ao Governo Provisório, de Getúlio Vargas, acatar o pedido Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, oficializou a data no segundo domingo de maio. A iniciativa fazia parte da estratégia das feministas de valorizar a importância das mulheres na sociedade, animadas com as perspectivas que se abriram a partir da conquista do direito de votar, em fevereiro do mesmo ano. Em 1947, Dom Jaime de Barros Câmara, Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, determinou que essa data fizesse parte também no calendário oficial da Igreja Católica.
 
Na verdade a pequena história contada acima, teve sua origem na dor da perda de uma mãe, no caso a de Anna Jarvis, a metodista Ann Maria Reeves Jarvis, falecida em 12 de maio de 1905, e cuja filha decidiu criar um memorial em homenagem a falecida, na distante Igreja Metodista de St Andrew em Grafton, Virgínia Ocidental. Mas, porque essa reverência à sua mãe?
 
Ann Jarvis, a mãe, foi uma ativista da paz que cuidou de soldados feridos em ambos os lados da Guerra Civil Americana, e criou Clubes de Trabalho do Dia das Mães para tratar de questões de saúde pública. Anna Jarvis, a filha, queria homenagear sua mãe, continuando o trabalho que ela começou e reservar um dia para homenagear todas as mães, porque ela acreditava que uma mãe é "a pessoa que fez mais por você do que qualquer outra no mundo".
 
Ann Jarvis passou então a buscar o reconhecimento oficial, tornando a data uma homenagem à “todas as mães”. Em 1908 o Congresso recusou a proposta, mas rapidamente os estados da União começaram a absorver a data e já em 1911 todos os estados dos EUA observaram o feriado, com alguns deles reconhecendo oficialmente o Dia das Mães como um feriado local (sendo o primeiro em West Virginia, estado natal de Jarvis, em 1910). Em 1914, Woodrow Wilson assinou uma proclamação que designa o Dia das Mães, realizada no segundo domingo de maio, como feriado nacional para homenagear as mães.
 
Então tudo terminou com um “final feliz”? Nem tanto, ela ficou ressentida com a comercialização do feriado. No início dos anos 20, a Hallmark Cards e outras empresas começaram a vender cartões do Dia das Mães. Jarvis acreditava que as empresas haviam interpretado e explorado mal a ideia do Dia das Mães, e que a ênfase do feriado era no sentimento, não no lucro. Como resultado, ela organizou boicotes do Dia das Mães e ameaçou emitir ações contra as empresas envolvidas, chegando a ser presa, em uma dessas manifestações, por “perturbar a ordem”.
 
A idealizadora da homenagem a todas as mães, acabou rejeitando sua obra, tornado um motivo para vendas das grandes lojas e, empobrecida devido aos esforços em lutar contra os grandes oligopólios comerciais, teve que ir morar com sua irmã Lillie. Em 1943, ela começou a organizar uma petição para rescindir o Dia das Mães. No entanto, esses esforços foram interrompidos quando ela foi colocada no Sanatório da Praça Marshall em West Chester, Pensilvânia, onde faleceu em 24 de novembro de 1948.
 
Hoje, nada mais resta ao Dia das Mães, senão uma referência vaga ao significado da maternidade acoplando-a à comercialização do amor e da vida.
 
Ainda assim, que os que comemoram, olhem para as suas mães com mais atenção, carinho e respeito.

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