Evandro Borges

26/04/2019 00h52
Índios Potiguares de Baia da Traição em Montanhas/RN
 
Em Montanhas uma iniciativa do Executivo Municipal, das suas diversas Secretarias e da cidadã Luana Sá proporcionou uma apresentação artística e cultural dos índios potiguares de Baia da Traição da Paraíba em Montanhas/RN, atraindo a população local e emocionando, colocando uma cultura tradicional e chamando a atenção a problemática indígena no Brasil.
 
No Rio Grande do Norte as populações indígenas foram consideradas extintas, e enfrentaram a guerra dos bárbaros, iniciada em Assú nos finais do século XVII, tendo se alastrado para a Paraíba e Ceará, tudo imposto pelos colonizadores portugueses que desejavam as terras nas ribeiras dos rios para a expansão do gado, sendo criadas “as oficinas de carne” que deu origem ao charqueado no nordeste.
 
Nos últimos governos, principalmente de Lula e Dilma as comunidades tradicionais passaram a serem reconhecidos, tanto os quilombolas como as de raízes indígenas, como são exemplos a comunidade em João Câmara denominada de “Amarelão” e em Canguaretama a de “Catú”, inclusive com um trabalho educacional de aprendizagem da língua cativa.
 
Os índios potiguaras que eram estabelecidos na faixa litorânea ainda tem um núcleo em “Baia da Traição”, Município Paraibano com faixa litorânea, estando a Municipalidade dentro das terras dos Potiguaras, em torno de 90% do território, próximo aos Municípios de Baia Formosa e Canguaretama estes do Estado do Rio Grande do Norte, portanto, de fácil acesso para os Municípios circunvizinhos, como é o caso de Montanhas/RN.
 
A iniciativa do Executivo Municipal de Montanhas/RN oportunizando a sua população, a juventude, e principalmente aos estudantes de conhecerem a nossa pluralidade étnica e cultural, a dança e seus costumes, mantendo o contato direto com a população, dos povos que aqui habitavam a “terra pindorama”, antes mesmo dos colonizadores, consiste em um resgate histórico e de dignidade humana.
 
O evento foi muito oportuno, quando os povos tradicionais indígenas têm reclamado a demarcação das suas terras, da convivência pacífica e harmoniosa, com vaqueiros e agricultores, pois o desenvolvimento econômico sustentável, só é possível com o respeito ao meio ambiente e as culturas tradicionais, haja vista, o que o Papa Francisco muito bem expôs na encíclica “Laudato Si” de 2015.
 
A realização e iniciativa demonstrou na prática, a população local de Montanhas/RN, o respeito que se deve ter com a diversidade cultural e de origem, para entender a grandeza da população brasileira e sua formação, seus encantos e cantos, as suas raízes, as diversas matizes e a até a miscigenação ocorrida, muitas vezes forçadas,  em que pese os massacres ocorridos e a resistência que se trava até na atualidade, e a nossa dívida histórica com os povos tradicionais.
 

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