Ananda Carvalho

21/03/2019 00h42
 
No fundo, um clichê é maravilhoso
 
Estava em um dia aleatório conversando sobre Romeu e Julieta, e foi citado na conversa o quanto a gente só percebe depois que aquilo foi uma paixão de verão, até meio boba, e é citado como uma grande história de amor. Mas quando a gente realmente para pra pensar, dois adolescentes que se conhecem em uma festa (na qual o Romeu foi atrás de outra menina ainda), e com uma troca de olhares já estavam trocando juras de amor.
 
Pouquíssimo tempo depois já estava romeu escalando a casa da Julieta, pra entrar no quarto dela. E eu nunca vou entender em que momento o plano de se fingir de morta pareceu uma boa ideia, mas tudo bem, quem sou eu para discutir com o projeto de Shakespeare.
 
Entrando nesse tópico de histórias clássicas de amor, e até filmes clichês da sessão da tarde, é incrível como a maioria delas parece muito mais falar de uma paixão de adolescência, uma paixão de verão. Eu sempre me perguntei, se a Sandy e Zucko, de "Grease" ficaram juntos depois que o carro sai voando; se Romeu e Julieta tivessem fugido quanto tempo eles durariam; e todo romance clichê adolescente me deixava com essa pulga atrás da orelha, “será que esse povo ficou junto pra sempre?’’. Como toda pessoa que cresceu vendo os filmes da Disney, não só as animações de princesa, os filmes de romance da Disney iludiram toda uma geração com o famoso “felizes para sempre”.
 
Mas querendo ou não, os clichês cativam, que atire a primeira pedra a pessoa que nunca ficou apreensiva com o um personagem correndo atrás do outro no aeroporto, com o casal se “odiando” metade do filme e descobrindo que no fundo era amor reprimido, e pessoalmente o meu preferido, quando os dois melhores amigos se apaixonam. E quase impossível achar alguém que já não tenha ficado tocado com algum filme assim, é mais forte que a pessoa. 
 
E quando uma fórmula dá certo, é certo que se repita de novo e de novo, como os incontáveis filmes baseados na Cinderela, normalmente substituindo o príncipe pelo garoto mais popular da escola, ou um artista charmoso; pessoas que descobrem ser de famílias rivais, seja pelo motivo que for, que se apaixonam, tendo que passar por cima de tudo e todos; quando não é o próprio casal que é rival e vai se apaixonando.
 
Mas não é porque algo é clichê que é ruim, e como já disse Woody Allen “Algumas vezes um clichê é a melhor forma de se explicar um ponto de vista”.
 

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