Wellington Duarte

16/01/2019 10h50
 
É Possível Defender o Voto em Rodrigo Maia na Eleição para a Presidência da Câmara?
 
 
O PCdoB tirou uma posição para a eleição da presidência da Câmara dos Deputados : sua BANCADA vai apoiar a REELEIÇÃO de Rodrigo Maia.
 
Mesmo sendo um partido com 11 deputados e tendo obtido 1,45% dos votos nas eleições parlamentares, a decisão do Partido mereceu os holofotes da mídia purulenta e as reclamações furibundas de muitos companheiros petistas.
 
E porque a posição do PCdoB é defensável? Porque se deve apoiar a candidatura de um elemento que apoiou o Golpe e que já abraçou e afagou Temer e o próprio imbecil que usa a faixa presidencial?
 
Primeiro, é necessário ENTENDER que, no caso das eleições para o comando das casas legislativas, os debates giram entorno da reafirmação da autonomia do poder e não submissão ao Executivo, dos compromissos com a manutenção da democracia interna da Casa, do respeito ao regimento e à proporcionalidade para distribuição dos espaços na mesa diretora, em comissões, relatorias.
 
Não são questões menores, pois garantem a própria condição para o exercício de prerrogativas caras às minorias e oposições.
 
Segundo, que o PCdoB, no momento em que a Resistência está quase confinada ao gueto político, utiliza o racionalismo político para apoiar um representante da “velha política”, aquele que, quando foi eleito depois da queda de Cunha, cumpriu acordos feitos com a oposição e deu ESPAÇO para que os partidos pudessem, com dificuldades, participar dos debates na Câmara de Deputados.
 
Pode parecer INCOMPREENSÍVEL como um partido, de natureza marxista e leninista, indica aos seus deputados o voto a um conservador, que é, inclusive, apoiado pela milícia do PSL bolsonarista, mas trata-se, como foi antes de uma disputa que não passa pelo posicionamento político dos partidos e sim pela forma de como este partido irá atuar no Parlamento.
 
O PCdoB poderia apoiar o projeto brancaleônico de Marcelo Freixo, ou ficar rangendo os dentes e, acusando Maia de ter o apoio da milícia do PSL, não participar do processo de escolha. O Partido dormiria em berço esplêndido, tendo defendido heroicamente seus “princípios” e acordaria isolado e colocado na soleira da porta das comissões.
 
É bom lembrar que a adesão da milícia neofascista à candidatura de Maia foi o reconhecimento de sua incapacidade de articular um bloco de apoio à sua candidatura, que varreria as oposições do mapa parlamentar.
O próprio Maia foi chamado pejorativamente de “representante da velha política”, que iria ser esmagada pelo “novo”.
 
A posição do PCdoB à eleição de Maia, longe de significar aderir ao projeto bolsonarista ou “trair” a Resistência, representa um esforço para manter o bolsão de ar de democracia que ainda resta no Parlamento.
 
E, sendo bastante duro, nessa hora sombria é necessário muito estômago para preservar os últimos espasmos da democracia tupiniquim.
 

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