Cefas Carvalho

02/01/2019 00h15
 
Não sou obrigado a apoiar o que não considero legítimo
 
 
"Ah, Cefas, você não pode torcer contra o novo presidente. A campanha já acabou, o mais votado foi eleito, isso é democracia e devemos todos nos unir em prol do Brasil"
 
Vamos por partes
 
1) Não se trata de "torcer contra". Ninguém torce contra si mesmo, posto que se o Brasil continuar um caos ou piorar minha vida afunda também. Trata-se de fazer um juízo de valor tendo como base tudo que o presidente disse ou insinuou nos últimos vinte anos e chegar a conclusão que não tenho razões para ser otimista. Pior: Que se muita coisa que ele pretende fazer como "certo" para mim são erros, feito a revogação do Estatuto do Desarmamento e a negligência com as universidades públicas.
 
2) Sim, o presidente foi eleito por ter sido o mais votado, isso é um fato contra fatos não se discute. Contudo, sabe-se que o líder nas pesquisas pré-campanha foi preso, a meu ver e na visão de centenas de juristas de renome, sem provas e com desrespeito a todos os ritos processuais. Pior: O juiz que condenou este candidato líder nas pesquisas acabou de tomar de posse como ministro da Justiça, indicado pelo presidente beneficiado pela prisão do primeiro. Para milhões de pessoas, essa sequência de fatos tirou a legitimidade do processo.
 
3) A tal "união em prol do Brasil" não foi levada em consideração após as eleições de 2014, quando dias após o segundo turno o candidato derrotado não aceitou a derrota pedindo recontagem de votos. E a partir daí foi iniciado um processo de sabotagem do governo da presidenta reeleita, com direito a presidente da Câmara Federal inviabilizando o Governo na pauta. Ocasiões que ninguém falava que era necessário "união pelo Brasil".
 
4) Que a campanha já acabou, eu sei. Quem não parece ter saído do palanque é o presidente hoje empossado, que ainda está na vibe de "lixo marxista", "nossa bandeira jamais será vermelha" e "ideologia de gênero". De Economia e Política Exterior, ele não fala. 
 
Enfim, o "mito" de tanta gente já tomou posse e pronto. Mas, reconhecer legitimidade no processo que levou a isso, são os outros quinhentos.

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