Cefas Carvalho

12/12/2018 00h08
 
Escola Sem Partido (que sempre teve partido) é derrotado na Câmara Federal
 
 
Entre tantas notícias ruins, uma boa notícia nesta terça-feira. O projeto "Escola sem Partido" (PL 7180/14) foi derrotado na Câmara dos Deputados. O presidente da comissão que analisava o projeto, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), "jogou a toalha" e após pressão de movimentos progressistas e falta de quórum, encerrou os trabalhos da comissão especial que analisa o projeto.
 
Com o encerramento da comissão, para o texto ser analisado novamente pela Casa, uma nova comissão especial poderá ser formada apenas na próxima legislatura e cumprindo todos os ritos, o que pode demorar meses.
 
O "Escola sem Partido" é das coisas mais insensatas e bizarras já produzidas pelo movimento conservador que está em crescimento no Brasil. 
 
Por duas razões básicas. Primeiro, porque ela vai contra a Constituição, a liberdade de pensamento e a autonomia dos professores em sala de aula, assim como as diretrizes educacionais. Ensinar é fazer o aluno questionar a realidade, e para isso o professor deve ter liberdade de opinião em sala de aula.
 
Segundo, porque o projeto prevê que os professores não possam evitar opinião para "não doutrinar" os alunos. O projeto é contrário a que professores tomem um "partido", não político, mas partido enquanto um lado, um posicionamento específico.
 
Acontece que os defensores do escola sem Partido, eles próprio têm partido. São em quase totalidade (eu pelo menos não achei exceções) cristãos/religiosos, conservadores, defensores da "família tradicional". E, nas entrelinhas (ok, às vezes nas linhas mesmo) querem que as escolas e professores adotem esses valores.
 
Ou seja, os que defendem a Escola sem Partido têm um lado e sabemos qual é.
 
Escrevem nas redes sociais que os professores não devem fazer "doutrinação comunista". Mas, querem o ensino religioso nas escolas, religioso cristão, diga-se, ou seja, algo que eu poderia caracterizar como "doutrinação cristã".
 
A escola sem Partido sempre teve partido. Menos mal que agora esse debate só ano que vem. 
 

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