Cefas Carvalho
28/11/2018 00h20
Sobre Anitta, Marilia Mendonça, diversidade e respeito
Lá estou eu estou no já mítico (para meus leitores e leitoras) Espetinho Eucaliptos, quando sozinho à mesa tranquilo com minha cerveja de milho e meu caderno de anotações, acabo ouvindo - juro que não é intenção minha "curiar" papos alheios, apenas acontece - a conversa da mesa atrás de mim: Seis jovens (20 a 28 anos) entre meninos e meninas. Alegres, falantes, bebendo rápido, conversam sobre as festas da turma, CRM (uns três cursam medicina pelo que entendi), churrasco, Governo Fátima Bezerra, indicação de Cipriano para a Saúde, Sérgio Moro, Palmeiras, enfim, uma gama de temas.
Até que começa o clipe mais recente da cantora carioca Anitta, "Não perco meu tempo", aquele que vem causando repercussão e certa polêmica, na qual "ela beija todo mundo". Entre risos e frases diversas, captei essa frase, de um dos rapazes: "Ela beija nesse clipe até um gordo!". Aí a menina ao lado completa: "É o gordo de barba branca, né? Até um idoso ela beija!". Não sabia se celebrava o fato de derem menos importância ao fato de Anitta beijar mulheres no clipe do que ela beijar um "gordo", "idoso" de "barba branca".
Mas, o grand finale da conversa, ainda estava por vir. Pouco antes de eu me retirar do recinto, a playlist de Márcio, o musicalmente eclético proprietário do local, atacou com Marília Mendonça, claro, que realizou nesta segunda a noite concorrido show gratuito na Ribeira, em Natal, para gravação do novo DVD. Uma das meninas da mesa disparou: "Nossa, como ela emagreceu". A amiga, ao lado, contra-atacou: "Ela era mais bonita quando tinha mais peso". O rapaz ao lado das duas, completou: "Também acho. E cantava melhor". A terceira menina, então, entrou no papo: "O peso dela é com ela, não tem nada a ver com vocês".
Todos riram e aparentemente concordaram com a moça. O peso de Marilia Mendonça nada tem a ver comigo, nem com eles, nem com ninguém. Da mesma forma que quem Anitta beija, seja nos clipes ou na vida real, também não é de minha conta ou da sua conta, leitor ou leitora. Na verdade a vida de ninguém diz respeito às outras pessoas e todos os comportamentos (sociais, sexuais, culturais) podem e deve ser respeitados. A essa variedade de comportamentos, dá-se o nome de Diversidade.
E a aceitação dessa Diversidade, dá-se o nome de Respeito.
Parece simples, não? A turma animada na mesa do bar entendeu o mecanismo. Dá para todos nós entendemos também.
*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR (A).
