Andrea Nogueira

24/11/2018 00h32
 
Político Feminino
 
Suspiros, ternura, força, suavidade, inteligência, sexto sentido, resistência psicológica, afago, sorriso, compromisso, sensatez, sensibilidade. Algumas características e comportamentos são tão presentes nas mulheres que algumas pessoas dizem que são femininos.  A verdade é que o mundo sempre foi impulsionado a separar o feminino do masculino. E ao longo dos anos a sociedade se acostumou com essa ideia ao ponto de acreditar que existem profissões de homens e profissões de mulheres.
 
De fato, o mercado de trabalho nunca foi receptivo para os dois gêneros, enquanto se pregava que a mulher não tinha sequer direitos, era o seu pai, e depois o seu marido quem lhe tutelava exercendo total controle das suas decisões.
 
No que pese as inúmeras profissões “masculinas” hoje exercidas por mulheres, a peja da masculinidade e todas as características de sua construção existencial ainda bloqueiam uma livre aceitação do feminino. O acolhimento sem estranhamento de algumas profissões é patente. A motorista de ônibus, a jogadora de futebol, a mestre de obras, a piloto de avião, a bombeira, a militar, todas elas sofrem a pressão por terem escolhido “profissões masculinas”.
 
Também o homem sofre com esse enquadramento e rotulação. Sofre quando resolve ser faxineiro, cabeleireiro, costureiro, professor do ensino fundamental, secretário, recepcionista, entre outras “profissões femininas”.
 
E o que dizer da Política? O que dizer quando um homem ou uma mulher resolvem participar efetivamente da política partidária ou institucional? A política é para homens ou para mulheres?
 
Como foi a construção existencial do cargo político com relação ao gênero?
 
Todos, senão a maioria das pessoas já escutou alguém dizer que política é para homens. E assim, vamos seguindo com nossa mentalidade conduzida por conceitos pré estabelecidos.
 
Diante das conquistas femininas, é certo que já existem mulheres na política. Mas a insistência para que elas assumam algumas características “de homens” também é grande. A maioria das pessoas não aceita a ternura, a suavidade, ou a leveza “feminina” quando se trata de alguém que pleiteia um posto político. Começam as cobranças de “dureza nos gestos”, “aumento da tonalidade da voz” e até um “deambular com mais firmeza ou velocidade”. Um “bata na mesa!” é escutado com muita frequência pela mulher política. Um “seja firme!” (traduzindo: seja mais parecido com os homens) também é comum. Como se firmeza não se expressasse em resultados e não pudesse ser exercida com suavidade.
 
A questão é: mulheres sabem ser firmes mesmo com sua suavidade peculiar. Sabem ser duras sem aumentar o tom da sua voz. Sabem ser incisivas sem precisar bater na mesa. Assim, a mulher está pronta para assumir cargos políticos. Resta saber se a sociedade está pronta para aceitar um político feminino.
 
Adiantando-me na reflexão, digo que as mulheres podem reescrever a forma de pensar de toda a sociedade, já que são metade ou maioria em número. O começo dessa sociedade evoluída está na ocupação de cargos de poder pelo feminino. Por isso a célebre frase: “mulher vota em mulher”. Não é uma disputa de gêneros. É uma conduta coletiva de conscientização e reconstrução social.
 
Depois de um tempo com mulheres ocupando os espações de poder, ninguém achará tão estranho, incomum ou errado. A sociedade será equilibrada e todos, realmente, serão iguais em direitos e oportunidades.
 

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