Andrea Nogueira

10/11/2018 00h05
 
Atitudes que levam a advocacia para o fundo do poço
 
O artigo 133 da Constituição Federal Brasileira reza que o advogado é indispensável à administração da justiça. Por sua vez, ser indispensável significa ter presença obrigatória, imprescindível e necessária. Assim, advogadas e advogados são importantes para a satisfação do comando da justiça.
 
O reconhecimento da importância da advocacia é antigo. Segundo Clito Fornaciari Júnior (2008, p. 37) ela nasceu da necessidade moral de defender os fracos e os justos. Era exercida por homens livres e bons, que não se preocupavam com a remuneração, mas emprestavam seu trabalho e sua inteligência para servir à verdade, ao Direito e à Justiça. 
 
Foi exatamente sobre características boas e admiradas que a advocacia construiu sua história, sua credibilidade, sua honra e moral. Contudo, a classe já não vive em tempos de elevada glória. A crise moral que se alastrou pelo país atingiu todas as profissões, até mesmo a nobre carreira da advocacia. Mas a luta pela valorização da classe permanece de pé, já que atitudes imorais e eivadas de oportunismo ou desonestidade são protagonizadas por uma pequena minoria.
 
Em âmbito nacional, a Ordem dos Advogados do Brasil vem se empenhando através de planos e ações que visam valorizar a classe. Existe o Plano Nacional da Valorização da Mulher Advogada, o Plano Nacional de Valorização da Advocacia Idosa, propostas e ações para a advocacia jovem, ações para a descriminalização da advocacia e tantos outros projetos. Além de tudo isso, existem advogadas e advogados que labutam com ampla seriedade e honestidade, salvaguardando a história construída por toda a sua classe profissional. Porém, todo esse esforço termina manchado por uma pequena minoria que, em linguagem popular: não gosta de lavar sua roupa suja dentro de casa.
 
Estando em época de destaque da advocacia devido às eleições internas que se aproximam, o que dizer sobre a advocacia do nosso estado potiguar? 
 
Hoje, conselheiros da Ordem dos Advogados do Rio Grande do Norte jogam no ventilador supostos desvios de conduta por parte de seus colegas. No que pesem estarem no mesmo grupo administrador da OAB desde o ano 2015, alguns se desvincularam do trabalho que enfaticamente exerciam até o mês passado para expor documentos e segredos institucionais capazes de macular verdadeiramente a classe. Essa atitude, que poderia ser tomada dentro das paredes da Advocacia, especialmente nas reuniões do Conselho que acontecem semanalmente, foi lançada ao vento através de jornais, blogs e redes sociais.
 
No que pese a necessária apuração da veracidade, não se preocuparam os colegas denunciantes com a opinião popular sobre toda a classe. E essa atitude eleitoreira desfreada comprometeu especialmente os jovens advogados que agora poderão ter maior dificuldade de conquistar a credibilidade dos seus clientes. 
 
Milhares de advogados potiguares estão perplexos com as denúncias e ainda mais impressionados com atitude dos que compõem o grupo denunciante, pois poderiam ter feito algo a respeito enquanto estavam no deleite dos seus cargos.
 
No Rio Grande do Norte são mais de 16 mil advogados inscritos. A OAB é dirigida por menos de cem advogados. A maioria desse grupo que compõe a Ordem atual, juntamente com os que tiveram a atitude de denunciar tardiamente seus próprios atos ou omissões, estão há mais de 12 anos num verdadeiro processo de revezamento de cargos.
 
Demais carreiras jurídicas organizadas tentam preservar sua imagem resolvendo seus problemas internamente, muitas vezes sendo taxadas de corporativistas. Mas a advocacia está a um passo do descrédito oficial, pois à sociedade geral pode acabar julgando uma maioria pela atuação esdrúxula de uma minoria. 
 
A conclusão mais lógica que se tira de tudo isso é que uma renovação é necessária e urgente.
 
Dentre as chapas que disputam as eleições 2018, apenas uma é presidida por Advogada que jamais fez parte da Diretoria da OAB RN. Assim, apenas esta chapa apresenta uma renovação real. E se é pra renovar, que seja de verdade. E que a advocacia potiguar possa experimentar, a partir de 2019, atos e projetos que verdadeiramente valorizem sua atuação e seu protagonismo democrático. 
 
 

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