Andrea Nogueira

03/11/2018 00h36
Ordem e Poder
 
Não existe democracia sem instituições fortes e atuantes, pois é através destas que os cidadãos terão seus interesses efetivamente defendidos. Já as instituições se fortalecem quando grupos organizados de pessoas alimentam-na com seu trabalho. Assim, o caminho para o desenvolvimento social e profissional somente será viável a partir da manutenção da unidade dos grupos que forjam a estrutura de um projeto político.
 
Falando de qualquer instituição, é certo que a desunião de grupos só interessa àqueles que não pretendem modificar sua estrutura atual. Como estamos em período de eleições para a composição dos quadros representativos da Ordem dos Advogados do Brasil, passemos a falar dessa instituição.
 
Conseguir reunir todos os Advogados e Advogadas em torno de um bom projeto não é fácil e, obviamente, a desunião de grupos organizados só interessa a quem cotidianamente viola, mesmo que veladamente, as prerrogativas da classe.
 
A OAB segue crescendo em número de inscritos e em número de profissionais preocupados com a manutenção de suas prerrogativas, com a valorização da classe e capacitação daqueles que cotidianamente labutam na defesa da democracia. Contudo, infelizmente cresce também o número de profissionais desejosos na manutenção do poder, do controle das ações institucionais e da ocupação de cargos que lhes proporcionem visibilidade e sensação de bem estar social.
 
No Rio Grande do Norte, a OAB já conta com mais de 16 mil inscritos e os mesmos 100 advogados, ou um pouco mais, permanecem se revezando nos cargos ou estrutura organizacional do Conselho Estadual há mais de doze anos. 
 
Quando um grupo organizado de Advogados e Advogadas se forma para tentar ocupar os assentos diretivos da Instituição propondo uma inovação no quadro, logo começam os investimentos para enfraquecê-lo ou esfacela-lo.
 
Mas por que dividir um grupo que visivelmente tem uma proposta de renovação dos quadros da OAB? A resposta a esta indagação é bem simples: somente quando estamos unidos é que somos efetivamente respeitados, fortes e audíveis. Grupos com proposta de renovação ameaçam a perpetuação daqueles 100 que já se acostumaram com seus assentos. E ameaçam ainda mais os líderes que usufruem o poder decisório institucional. Logo, as investidas para desagregar o grupo com proposta de renovação são fortes.
 
É histórica a estratégia de formar outro grupo a partir de algumas pessoas que se desgarram daquela organização resistente. Alguns se desgarram porque desde o início ali estavam apenas esperando o momento certo de sair com um discurso qualquer, outros porque o seu cargo importará mais do que o ideal defendido por aqueles que estavam com ele, alguns porque não compreenderam o real significado de união, de grupo, de resistência ou de organização. O fato é: historicamente se combate um grupo com proposta de renovação com a formação de outro grupo formado a partir do primeiro, somando com outros profissionais que já estavam compondo a organização estrutural que se combateria. E um detalhe importante: a formação desse segundo grupo é sempre orquestrada por quem já usufrui o poder decisório institucional há muito tempo, travando uma verdadeira luta pela sobrevivência como dominante.
 
Neste momento, é preciso ser resistente e confiante.
 
John C. Maxuell nos alerta para uma importante lição: “às vezes se ganha, às vezes se aprende”. Contudo, esta lição é para quem tem um ideal, para quem acredita numa causa. Não serve para quem quer uma “vitória” a todo custo. Se esta lição lhe cai bem, você faz parte do grupo que, verdadeiramente, quer renovar.

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