Andrea Nogueira

15/10/2018 11h35
O Candidato sem voto e o povo sem candidato
 
Em outro artigo falamos sobre o voto, sua importância e utilidade. De fato, após a apuração das urnas no dia 07/10/2018 tivemos a confirmação absoluta disso. Aliás, restou confirmado que todo voto é útil e que a ausência dele nos faz refletir sobre a utilidade do candidato. 
 
As eleições deste ano foram cheias de surpresas. Pessoas com muito tempo de exercício em cargos eletivos foram repugnadas pela sociedade, outros novos nomes integraram o rol de eleitos e alguns políticos com mandatos anteriores foram agraciados com a aceitação popular e renovação dos seus encargos.
Muitas pessoas inquietavam-se com dúvidas sobre quem seria o melhor candidato para merecer o seu voto. O que não esperávamos é que o próprio candidato também sofresse com essa inquietação.
 
A apuração das urnas revelou que, no Rio Grande do Norte, candidatos ao Senado, a Deputado(a) Federal e a Deputado(a) Estadual também não sabiam se eram dignos de algum voto. Na verdade, esses candidatos não votaram em si próprios.
 
O resultado das eleições, estampado no site do Tribunal Eleitoral, é de estarrecer qualquer eleitor. Ali encontramos candidatos que não confiavam em suas próprias propostas. Em documento público, encontramos candidatos do PRTB, PDT, PSD, PODEMOS, PATRIOTA, PROS, PRB, SOLIDARIEDADE, PT, REDE, PSC, PSOL, PV, DC e PSDB que não tiveram um voto sequer ou tiveram votação inexpressiva (fonte: http://www.tre-rn.jus.br/eleicoes/eleicoes-2018/divulgacao-dos-resultados-das-eleicoes-2018). 
 
No que pese o respeito devido a todas as pessoas que se candidatam e colocam seu nome à disposição da sociedade para exercerem cargo importante para a coletividade, não há como não se indignar com alguém que não conta com seu próprio voto ou o voto de algum amigo. Em situações semelhantes, o Ministério Público Eleitoral, pondera que este tipo de situação pode revelar o uso de pessoas por partidos políticos para garantir um elenco maior no seu quadro. 
 
A quantidade de candidaturas que não receberam nenhum voto é preocupante e deve ser analisada de acordo com cada situação (seja por indeferimento do seu registro ou outro motivo). Há ainda quem recebeu menos de dez votos. Importa observar que, se todas as candidaturas zeradas ou com votação discreta fossem de mulheres, correríamos o certo risco de arcar com a peja de “laranjas” devido às cotas de gêneros obrigatórias. Contudo, vejamos: neste ano 2018, no Rio Grande do Norte, foram 13 homens e 9 mulheres sem um único voto.
 
O fracionamento de votos nestas eleições repaginou a Assembleia Legislativa e o Congresso Nacional, mas também diminuiu a representação de municípios potiguares importantes. Contudo, ainda é através do voto que escolhemos ser livres ou não. E no compasso dos novos mandos, esperamos por novas bandeiras, novos projetos e um novo Estado. Clamamos por candidatos com votos e votos em todos os candidatos nas próximas eleições.

 


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