Andrezza Tavares

29/09/2018 15h47
Os segredos da Aprendizagem Significativa... Pistas sobre o trabalho didático com conhecimentos prévios e ancoragens na escola.
 
Por: Isabela Catarina dos Santos Medeiros (Mstd. MNPEF IFRN) e Andrezza Maria Batista do Nascimento Tavares (Profa. Dra. IFRN)
 
DavidAusubel (1918 – 2008), psicólogo e pesquisador norte-americano, desenvolveu, a partir dos anos 1960, a teoria intitulada “Aprendizagem Significativa”. Esta teoria expõe a ideia de que a aprendizagem se caracteriza pela interação de ideias compostas entre os conhecimentos já acomodados e as novas experiências dos sujeitos aprendentes.
 
Para essa teoria da aprendizagem,  o conteúdo que o aprendiz já sabe, ou seja a sua aquisição de conhecimentos, é um fator de extrema importância para a assimilação compreensiva de novos conhecimentos. Ausubel chama este repertório já adquirido pelo aprendiz de subsunçores, também nomeados de ideias-âncoras.
 
De maneira concreta, se um estudante, ao ter acesso aos conteúdos de Física no ensino médio, por exemplo, aprende os conceitos relacionados a “Realização de Trabalho” e as “Transformações de Energia”, esses conhecimentos servirão como ideias-âncoras para diversos outros conceitos que lhes possam ser apresentados nos anos seguintes do mesmo Ensino Médio.
 
Um outro exemplo dessas aprendizagens, seriam as “Relações Termodinâmicas” entre “Calor, Trabalho e Energia Interna”, bem como, o “Trabalho realizado” por uma “carga elétrica” e o conceito de “Potencial Elétrico”.
 
Uma crítica que se pode fazer às escolas é que muitas vezes a vida dos estudantes, seus conhecimentos prévios, são pouco utilizados nas mediações  didáticas dos docentes. Essa baixa incidência didática de uso de conhecimentos prévios promove as sensações de que o conteúdo é complicado ou que é inacessível. 
 
Outro aspecto importante da Aprendizagem Significativa, é anunciado por Moreira (2011) ao destacar que a medida em que um subsunçor (conhecimento prévio) não é frequentemente utilizado, ocorre uma inevitável obliteração (sensação de esquecimento), que se bem mediado pode se constituir também em uma oportunidade fértil de aprendizagem.
 
Não é preciso ter temor às circunstancias de obliteração, elas também compõem a complexidade didática do trabalho do professor e a aprendizagem significativa realizada pelo estudante.  
 
Equecer o que aprendeu não é o fim  do mundo.
 
 
É comum a queixa entre as pessoas, inclusive entre professores, que os estudantes esquecem dos conceitos que lhes foram ensinados. De fato, o esquecimento pode estar associados à ausência da aprendizagem significativa em função da aquisição reducionista de um conceito, como dizem os adolescentes, de uma “decoreba” ou de uma experiência com “macetes”, que devem ser pedagogicamente evitados.
 
Essa sensação de esquecimento falseando a ausência da aprendizagem promove imensa sensação de frustração nas pessoas. É preciso que os professores tenham consciência dessas ocorrências em sala de aula e que desenvolva didáticas sensíveis e assertivas que contornem essas situações.  
 
Dentre as condições que promovem a aprendizagem realmente significativa, a literatura da área destaca : 1) primeiro, que deve existir um potencial significativo (link com os conhecimentos prévios) no material ou no ambiente da aprendizagem. Esse aspecto sugere uma atenção especial ao tratamento dos conteúdos realizados pelas editoras de regiões diferentes da cultura dos estudantes.
 
Expressões cujos valores simbólicos não são familiares, não serão assimiladas pelos estudantes em função do distanciamento com os seus subsunçores; e 2) segundo, que o aprendiz precisa apresentar predisposição para aprender. Dito de outra forma, mesmo que todas as condições necessárias para a aprendizagem (ambiente adequado, mídias educativas, professores qualificados, metodologias de ensino, outros) sejam disponibilizadas, mas se o estudante não estiver motivado para assimilar o conteúdo, será impossível que a aprendizagem concreta se consolide.
 
A tirinha bem humorada de Calvin recupera essa ideia:
 
 
Outro teórico e cooperador de Ausubel sobre a aprendizagem significativa é o pesquisador norte-americano Joseph Novak, conhecido mundialmente pelo desenvolvimento da teoria do “Mapa Conceitual” na década  1970. Para ele, atitudes e sentimentos positivos em relação ao que se irá ensinar e aprender, facilita a aprendizagem significativa.
 
A Teoria da Aprendizagem significativa é um repertório das Ciências da Educação que possibilita a construção de múltiplos saberes. Em linhas gerais, envolve o conteúdo proposto pelo professor e o conteúdo que o aprendiz traz consigo.  Ancorar os conceitos novos e valorizar as ideias subsuçores de forma a tornar significativa a organização do pensamento na escola. 
 
A medida que o aprendiz estabelece laços efetivos entre o conteúdo que aprende e o conteúdo que já sabe, consegue atribuir sentido e ancorar as aprendizagens. Sem dúvida, esse pensamento sobre a aprendizagem significativa é um dos segredos para o desenvolvimento humano na escola. Sendo assim, cabe ao professor apostar nas ferramentas corretas e tecer as teias necessárias.
 
REFERÊNCIAS
 
MOREIRA, Marco Antonio. Aprendizagem significativa: A teoría e textos complementares. São Paulo. Ed. Livraria da Física. 2011.
 
MOREIRA, Marco Antonio. Teorias da aprendizagem. 2. Ed. São Paulo. E.P.V. 2014.

 


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