Wellington Duarte

27/09/2018 13h46
O “chuchu”, os bozo-fascistas e toda a legião de bucéfalos que corcoveiam nas redes sociais atacando obviamente o PT, escolheram a Venezuela como eixo central da esquizofrenia do seu ódio contra o pensamento esquerdista. Sem poder argumentar, palavra assustadora para a grande parte dessas pessoas, passa-se ao ataque e dada suas limitações cognitivas, preguiça mental ou mau-caratismo ataca-se um Estado soberano que ousou romper com o imperialismo e paga caro por isso.
 
A Desinformação e a Ignorância em aliança
 
Uma das coisas mais impressionantes, na era da informação, é como a ignorância se propaga e, pior, se enraíza nas cabeças das pessoas que aceitam, sem piscar, verdadeiras aberrações sobre determinados assuntos e, entre eles está a Venezuela que hoje vive uma crise profunda, em parte causada pelas indefinições e limitações do seu governo, é verdade, mas em grande parte pelo verdadeiro terrorismo, de dentro e de fora, que tenta, desde 1998, quando da primeira vitória de Hugo Chávez, e lá se vão 20 anos, fazer voltar ao poder a velha e modorrenta elite que dominava o país baseada num sistema corrompido da base ao teto e que fazia revezar no poder duas quadrilhas : a Ação Democrática (AD), travestida de social-democracia e o tal Comitê de Organização Político Eleitoral Independente (COPEI), mais conhecido como Partido Social-Cristão da Venezuela.
 
Se as pessoas desinformadas não atentarem minimamente para o que significou, de fato, a ascensão de Hugo Chávez e a derrota dessas duas quadrilhas, continuarão a enxergar o país vizinho como um “antro comunista” que persegue os “pobres cidadãos” venezuelanos, que fogem aos milhares para a Terra Brazilis, o que é explorado diariamente nos jornalões da Globo, tentando alinhar o que acontece por lá à possibilidade de um  governo petista, algo já feito em 2002, 2006, 2010 e 2014, mas que sempre é relembrado pela Direita para angariar “lucro eleitoral".
 
A Venezuela dos Barões Corruptos
 
De 1948 a 1998 a AD e a COPEI dominaram a política da Venezuela, a partir de um acordo estabelecido em 1958, em que os dois partidos se tornariam os “pilares” da democracia Venezuela (sic) instalando um regime corrupto que abocanhava descaradamente a maior riqueza do país, o petróleo, chegando, inclusive, a aparelhar vergonhosamente a estatal PDVSA, criada em 1976 depois da nacionalização decretada em 1971 por um governo social-democrata e que acelerou-se depois da Crise do Petróleo, quando as oligarquias venezuelanas decidiram tomar para si a organização da produção do petróleo local.
 
Se as pessoas não perceberem, por exemplo, que a Venezuela está localizada numa zona geopolítica estratégica para os EUA, quer em termos de recursos minerais (o petróleo), quer em relação à logística militar, continuará vendo “demônios vermelhos” perseguindo “coitadinhos democratas”, algo aliás incorporado inclusive pelo Exército do Final dos Tempos (o PSTU) e por uma boa parcela do PSOL, além de setores importante do PT, que veem esse país do Caribe como um “amigo problemático”.
 
O desconhecimento de que essas duas verdadeiras quadrilhas dilapidavam a riqueza nacional empurrando milhares de venezuelanos para as favelas, que se tornaram gigantescas nos anos 70, enquanto a concentração de renda atingia níveis que gerariam um abismo entre os mais ricos e os mais pobres, o que, por sua vez, fizeram eclodir diversos movimentos revolucionários de esquerda, grande parte deles condenados pelo próprio Partido Comunista da Venezuela (PCV), que se levantaram contra as duas quadrilhas que se revezavam no poder.
 
A Insurreição Popular e o Surgimento de Chávez
 
As pessoas que se interessarem poderão encontrar farta documentação sobre como surgiu a figura de Hugo Chávez, um militar de origem indígena, que já em 1977, por iniciativa própria, fundara um movimento dentro das forças armadas que questionava os donos do poder e que, naquele momento, nascera baseado nas ideias libertárias de Simón Bolívar, cuja história deveria ser ensinada nas nossas escolas secundárias, para se entender como um venezuelano deu um nome a um país (Bolívia).
 
Se lessem que na década de 80 a economia Venezuela embicou, com o acirramento da pobreza e do desespero dos milhares de pobres e que foi em fevereiro de 1992 que Chávez tentou um golpe militar no estilo clássico, o que lhe arrastou uma antipatia dos comunistas a Chávez, que duraria anos, dado que os comunistas venezuelanos era contra os movimentos militaristas, foi preso mas tornou-se um símbolo contra a corrupção desenfreada que varria o país há mais de 5 décadas, debaixo do regime pseudo-democrático.
 
O ápice dessa desigualdade se deu com uma revolta popular que eclodiu em fevereiro de 1982, contra as medidas recessivas aprovadas pelo governo, que teve como resultado 276 mortos e o rompimento do tecido social venezuelano, agora opondo radicalmente pobres e ricos.
 
Os bozo-fascistas e os desinformados que engolem o discurso anti-Venezuela, como sendo um local sombrio e dominado por “demônios comunistas”, poderiam se remeter a história e verificar que Chávez foi ELEITO pela primeira vez em 1998, com 56,2% dos votos, vencendo os candidatos da direita e com MINORIA na Câmara dos Deputados, tendo o governo 70 dos 207 votos, ou seja, não surgiu com como uma ditadura e muito menos se apossando sorrateiramente das instâncias de representação.
 
Outro termo esquizofrênico, que poucos entendem o que seja, é o tal “bolivarianismo”, que provocou surtos de ódio nos bozo-fascistas e até arrepios em certos segmentos esquerdistas, que se trata de um conjunto de ideias que tem origem em Jean-Jacques Rosseau, um liberal; Karl Marx, um socialista e de Simón Bolivar, um revolucionário liberal, que foi tomado como exemplo de construção do chamado “socialismo bolivariano”, ou seja, não é “doutrina” como alguns mentecaptos da Direita gralham nas redes sociais.
 
A transformação que foi iniciada com Chávez NUNCA foi aceita pelas elites locais e basta lembrar que o próprio Chávez foi deposto por um golpe militar, em abril de 2002, transmitido ao vivo pela rede norte-americana CNN e que fracassou devido a pronto ação do povo e esse Golpe se deu exatamente no momento em que Chávez propôs mudanças constitucionais, que retirariam o poder das oligarquias e demonstrava claramente que passaria a controlar a PDVISA.
 
Daí em diante, foram 4 eleições presidenciais, 4 eleições regionais, 4 eleições municipais, 4 referendos, 3 eleições parlamentares e uma Constituinte, algo estranho para um regime acusado de ser ditatorial. Chávez faleceu em 2013 e de lá para cá a oposição, capitaneando a insatisfação diante dos problemas econômicos, gerados em parte pela derrocada do preço do petróleo, a principal fonte de riqueza do país, organizou, principalmente depois de 2016, um movimento golpista, ajudado pela Colômbia, EUA e agora Terra Brazilis, que incluiu uma descarada sabotagem econômica, que lanço o país na situação em que está.
 

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