Andrea Nogueira

15/09/2018 08h39
A Mulher no Mundo do Trabalho
 
Muito se fala sobre como a mulher vem ocupando espaço no mundo do trabalho. Da forma como o assunto é abordado, parece mesmo que esta realidade é recente.  E de uma forma acomodada, chegamos a acreditar na mentira e na hipocrisia construída pela própria sociedade em relação a isso. Consequentemente, acabamos abafando ou camuflando nossa ignorância e afastando qualquer possibilidade de sororidade real.
 
De fato nem sempre a mulher branca e de classe média trabalhou, mas as mulheres pobres e as negras sempre trabalharam. Sempre. O trabalho feminino existe há milhares de anos. E a história que nos contam sobre a mulher não precisar ganhar dinheiro é realmente muito estranha para determinada classe social.
 
Como geralmente ocorre, a classe média tem voz audível. Assim, quando mulheres desta classe se sentiram compelidas ou entusiasmadas a deixarem a casa e os filhos para levar adiante os projetos e o trabalho que eram realizados apenas por seus maridos, o cenário começou a mudar, lutas começaram a acontecer, reivindicações começaram a ser levadas em consideração.
 
Hoje falamos em cargos de direção, assentos institucionais com poder de decisão, carreiras valorizadas e com alto reflexo financeiro. Mas quem está no páreo desta corrida rumo à ascensão profissional, além das mulheres brancas e de classe média? De quem é a voz das reivindicações atuais?
 
Estamos em tempos de valorizar o percurso da luta pela igualdade e não apenas o resultado dela. É preciso alcançar a igualdade social antes mesmo de alcançar a igualdade de gênero e, claro, sem prejudicar a luta por esta última.
Como mulheres, devemos ter o cuidado de manter o equilíbrio de uma luta tão importante quanto o feminismo. Lutar e esperar a nossa vez com relação às mulheres que nos antecederam no direito de ascender profissionalmente. “Esperar a nossa vez” significa ceder o lugar ou colaborar para que outras mulheres alcancem o que também queremos. Viver a sororidade não é fácil, mas é obrigação de toda feminista.
 
É bem claro que as mulheres pobres e negras enfrentam obstáculos ainda maiores que as brancas e com maior poder aquisitivo material. Contudo, de um modo geral e guardadas as devidas proporções, é certo que enfrentam dificuldades pontuais, como a forma de entrada no mercado de trabalho, os tipos de cargos ofertados e também os rendimentos. Assim, o mercado de trabalho permanece um verdadeiro campo de batalha para o universo feminino.
 
No que pese ser o trabalho da mulher uma realidade muito antiga, somente na época do fortalecimento das indústrias e empobrecimento das famílias de classe média, devido às guerras e às mortes dos homens mantenedores dos lares, foi que o tema tomou gradual importância. Naquela época, o emprego generalizado de mulheres e crianças suplantou o trabalho dos homens com uma nova mão de obra que não tinha força real de reivindicação de direitos.
 
Seguindo o delinear iniciado na revolução industrial, a mulher foi aceita no mercado de trabalho especialmente em razão do baixo custo pela sua mão de obra. O que não se esperava, de fato, era que esta mão de obra contribuiria grandemente para o crescimento e a evolução da sociedade em todos os seus aspectos.
 
Hoje o mercado tem a oportunidade de crescer quando investe na mão de obra feminina. A mulher tem a oportunidade de crescer quando assume o posto pelo qual lutou. E a sociedade tem a oportunidade de crescer quando abre estas oportunidades de trabalho de acordo com a ordem de merecimento e antiguidade na luta.
 

 


*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR (A).