Daniel Costa

06/09/2018 10h26
Haddad quando?
 
Vivemos um momento crucial para a definição do próximo presidente do país. Direitistas e esquerdistas perdem o sono diante dos di-lemas que sacodem as suas cabeças. Pelos lados da turma da esquerda, o capítulo do momento envolve o quanto de votos Lula conseguirá transferir para Fernando Haddad.
 
Até agora, a estratégia desenhada pelo PT tem se mostrado correta. O lance de levar a candidatura do ex-presidente até a corda esticar destroçou todas as expectativas da direita, que imaginava, a essa altura do combate, ter os seus dois principais pretendentes concorrendo entre si na busca do primeiro lugar. O fator Lula, porém, inverteu essa lógica. Hoje os direitistas se veem encurralados. Ou jogam com Geraldo Alckmin, que não deslancha nas pesquisas, ou apostam as suas fichas no candidato "kamika-ze" Jair Bolsonaro, que caso eleito poderá levar o país à anomia total. 
 
O problema da tática petista, entretanto, é que a corda já esti-cou no seu limite. A maioria dos eleitores de Lula é composta por pessoas humildes, trabalhadores sem maiores qualificações e que não vivem liga-dos aos debates políticos acerca de candidaturas. Ou seja, para alguém ser tido, havido e aceito como seu sucessor, há a necessidade de um tempo não tão passageiro, para que todos tomem ciência e compreendam as razões da indicação. 
 
Na contramão dessa raciocínio, porém, o PT não mostrou quem de fato será o herdeiro de Lula. Fernando Haddad não foi indicado para o seu lugar, estando, portanto, impedido de fazer campanha como concorrente. O partido insiste na ideia do Lula presidenciável, tendo, inclu-sive, interposto recurso junto ao Supremo para reverter a decisão do Tri-bunal Superior Eleitoral, que indeferiu o registro de sua candidatura; mesmo quando até um doido de jogar pedra já saiba qual será o resultado final desse processo judicial.  
 
A  praticamente um mês das eleições, essa tática tem causado desconfiança entre os seguidores petistas. Dia 11 termina o prazo de dez dias dado pelo TSE para a substituição de Lula como cabeça de chapa. A demora em lançar o nome de Haddad poderá desaguar em irreparável pre-juízo. A última pesquisa realizada pelo Ibope, em que o sucessor do ex-presidente aparece com 6% das intenções de voto, é sintomática. A não ser que o lance final do Partido dos Trabalhadores seja outro, na base do tudo ou nada; o que significaria abrir mão da candidatura à presidência no caso da impossibilidade peremptória de Lula concorrer às eleições. 
Será? 
 

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