Evandro Borges

31/08/2018 09h27
Os Potiguares em Montparnasse
 
Na quinta-feira passada na sede da OAB/RN em Candelária foi lançado um livro intitulado República Potiguar de Montparnasse, Maio de 68, organizado por Francisco de Assis Câmara, e colaboração com textos de Marcos e Marta Guerra, Rejane Cardoso, José Augusto Othon, Paul Ammann e Safira Bezerra Ammann, pela editora Offset com um preço ao consumidor de apenas trinta reais.
Monte Parnaso é um bairro de Paris, na França, está localizado na margem esquerda do Sena, entre o bulevar de Monte Parnaso e a Rua Rennes, conforme está na Wikipédia, local que acolheu os coautores, no exílio de 1968 em face da ditadura civil/militar instalada no Brasil, quando vivenciaram os episódios da revolução capitaneada pelos estudantes na França em maio de 1968.
 
O livro é belíssimo, conheço os autores, já li imediatamente o texto maravilhoso da amiga e companheira de luta contra o golpe de 2016, Marta Guerra, integramos a Associação dos Juristas Potiguares pela Democracia e Cidadania, já enfrentamos inúmeras reuniões juntos, inclusive no seu apartamento, pela sua condição etária, de mãe e avó, sempre com acolhimento dispensado aos participantes com muita fraternidade e companheirismo.
 
O texto de Marta Guerra focaliza a vivência em maio de 68, o ano que não terminou pelas ocorrências mundiais, inclusive no Brasil, pelo endurecimento da ditadura, naqueles anos da guerra fria e completando este ano cinquenta anos, inicia focalizando os três luxemburgos, que trata das três salas de cinema no mesmo prédio na Rua Luxemburgo, fala sobre as palavras de ordem “Nada será como antes” e “É proibido proibir”.
 
Em relação aos filmes assistidos por Marta Guerra que lhe marcaram, exibidos pelos estudantes foram “Paralelo 17” e “A batalha de Argel”. O primeiro trata da violência americana na Guerra do Vietnã, com a utilização do agente laranja para desfolhar as florestas, e suas consequências nefastas na população local, inclusive nas tropas americanas, a força e coragem dos vietnamitas na escavação de túneis para a resistência e preparação para as batalhas.
 
O segundo “A batalha de Argel” dispõe sobre a luta pela independência da Argélia e a violência do colonialismo Francês, quando foram expulsos, depois de longos cento e trinta anos de dominação, com referências a forma de agir dos franceses com práticas de tortura e crueldade e no outro polo os argelinos que foram levados a guerrilha urbana e até o terrorismo, opondo-se ao terrorismo de Estado.
O texto de Marta Guerra segue discorrendo sobre os conflitos entre as manifestações dos estudantes e o conflito com a Polícia, com um ar carregado de gás lacrimogênio, para em seguida falar com a convivência com os brasileiros, ressaltando o encontro com Paulo Freire e Betinho, fala ainda sobre a Arte e Cultura em Paris, as visitas aos Museus, de preferência no dia da semana que não havia pagamento de ingresso.
 
O livro é dedicado “in memorim” a Dom Eugênio Sales, como gratidão dos “habitantes da República Potiguar de Montparnasse”, todos  cristãos católicos, a apresentação é de Francisco de Assis Câmara, o prefácio de Vicente Serejo, assim, o livro consiste em um presente para a História do Rio Grande do Norte, escrito por profissionais bem sucedidos e que conviveram com o maio de 68 na França.
 

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