Wellington Duarte

08/08/2018 11h02
A "unidade de esquerda" e o remédio de feira.
 
As discussões sobre a “unidade das esquerdas”, chega a ser irritante. Primeiro por que “as esquerdas” contemplam um arco tão grande que é necessário ter paciência para identificar a “minha” ou a “sua” esquerda nesse arco. Segundo porque é uma discussão inócua, sem fim e que não chega a lugar algum.
 
O discurso de “unidade das esquerdas”, nesse momento, tá mais prá chororô, devido a acontecimentos isolados, como foi o caso de Marília Arraes, que foi preterida da sua candidatura ao governo estadual, devido a um acordo entre o PT e o PSB, em nível nacional, que fez com que o partido apoiasse Paulo Câmara, do PSB-PE.
 
Ciro Gomes também foi alvo do discurso da “unidade das esquerdas”, já que deveria ter feito uma aliança com o PT, mas como é “arrogante”, passou a ser defenestrado por todos os lados. Sobrou até para Manuela, cuja candidatura inicialmente foi chamada de “divisionista”.
 
Até quem não sabe ou não gosta das “esquerdas”, opinou sobre a “necessidade da unidade das esquerdas”, obviamente torcendo para que elas, que eles nem sabem o que é, explodam.
 
Todo mundo que se considera de “esquerda” (mesmo que não seja) quer a tal “unidade de esquerda”, desde que seja a “sua” unidade e desde que seja boa para o “seu” partido, ou seja, a “unidade de esquerda” mais parece um remédio de feira.
 
Os de “esquerda” reclamam dos princípios, da “traição com a militância”, sendo que muitos deles não botam os pés num fórum partidário há anos. Geralmente se alimentam das notícias dos grandes meios de comunicação, que adoram semear a divisão entre “as esquerdas”.
 
Um rápido passeio pela história, entretanto, não encontra, em nenhuma ocasião, essa “unidade das esquerdas”. Desde antes da Revolução de Outubro, as “esquerdas” trocavam insultos, quando não catiripapos e até tiros.
 
De lá para cá NUNCA houve essa tão propalada, comentada, querida e defenestrada “unidade das esquerdas” e é bom lembrar que, em plena Ditadura, as “esquerdas” não se uniam nem na cadeia.
 
Pode-se contestar as estratégias e táticas da “esquerda” brasileira se considerarmos dentro desse espectro PT, PCdoB, PSB, PDT, PSOL, o grupo de estudo chamado PCB, o Exército do Final dos Tempos (PSTU) e o PCO, mas acusar esses partidos de serem culpados pela “desunião das esquerdas” é o mesmo que dizer que a terra é quadrada.
 
Você pode até dizer, mas não vai conseguir provar.

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