Andrezza Tavares

14/07/2018 07h45

Luana Sobral Hilario
Andrezza Maria B. N. Tavares1
Francinaide de Lima Silva2
Natal, 03 de Julho de 2018


A escola é uma das instituições sociais que se não tem, se aproxima muito da unanimidade no que diz respeito a sua importância e necessidade para a sociedade. É bem verdade que existem divergências e mesmo disputas sobre o melhor modelo de escola, mas é consenso que a escola é o lugar privilegiado de aprendizagem. Nesse sentido, muitos teóricos se ocupam em pensar como melhor garantir essa aprendizagem aos estudantes. Nesse sentido, em meados da década de 1960 o filho de judeu, pesquisador norte-americano, médico e psicólogo, David Ausubel desenvolveu a Teoria da Aprendizagem Significativa (TAS). 

Tal teoria foi apresentada em um contexto em que as ideias behavioristas predominavam, não era considerado conhecimentos prévios dos alunos, admitia-se que a aprendizagem só seria possível se ensinados por alguém. Na compreensão de Ausubel a aprendizagem segue na linha oposta à dos behavioristas. Pois sua defesa é a de que aprender significativamente é ampliar e reconfigurar ideias já existentes na estrutura mental e com isso ser capaz de relacionar e acessar novos conteúdos. Portanto, considera experiência e saberes anteriores como recurso para as novas aprendizagens. Em síntese, para a TAS o processo ideal de aprendizagem ocorre quando uma nova ideia se relaciona aos conhecimentos prévios do indivíduo. 

Figura 1: Introdução do conteúdo a partir de recursos concretos já conhecidos pelas crianças.

Fonte: https://www.google.com/search?q=aprendizagem+significativa&client=firefox-b&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjcyMXzzoPcAhVEfpAKHfiYAhsQ_AUICigB&biw=1600&bih=786#imgdii=U052lpGdW5_u2M:&imgrc=w6OQBjC605exiM:

Na figura 01, temos um momento de aprendizagem em que a professora lança mão de recursos concretos e familiar para os alunos a fim de introduzir um novo conteúdo. Ao fazer uso dessa estratégia a professora está oportunizando as crianças que elas acionem suas experiências anteriores e seus conhecimentos prévios, de modo a estabelecerem relação com a “novidade”, fomentando assim uma aprendizagem significativa. 

O teórico Ausubel descreve três tipos de aprendizagem: a psicomotora, a afetiva e a cognitiva. Sendo essa última o seu objeto de estudo, pois diz respeita ao armazenamento organizado da informação na mente de quem aprende. Para ele a aprendizagem consiste em integrar e organizar a nova informação na estrutura cognitiva. 

Ele ainda faz a distinção entre aprendizagem mecânica e aprendizagem significativa, mas considerando que a relação entre elas não é dicotômica, mas sim contínua. Sobre a primeira ele descreve como sendo a aprendizagem de novas informações com pouca ou nenhuma associação a conceitos relevantes na estrutura cognitiva. Não há interação entre a nova informação e a aquela já organizada. Enquanto na Aprendizagem Significativa é o processo no qual a nova informação se relaciona com alguns aspecto relevante da estrutura de conhecimento do indivíduos, o que ele chamou de “subsunçores”.  

Figura 2: Abordagem do conteúdo ignorando os conhecimentos prévios dos alunos.

Fonte: http://www.sismmac.org.br/noticias/3/geral/2010/na-midia--universitarios-nao-mostram-interesse-em-carreira-docente,-segundo-pesquisa.

A aprendizagem mecânica, representada na figura 2, não é um processo a ser desconsiderando. Afinal, ela é importante para a constituição dos subsunçores. Contudo, por sua natureza arbitraria e automática os conteúdos ficam soltos ou ligados à estrutura mental de forma fraca, sendo mais facilmente esquecidos. Por isso, a aprendizagem não pode parar na mecânica. 

Em suma, a aprendizagem é significativa quando uma nova informação (conceito, ideia, proposição) adquire significados para o educando por meio de uma ancoragem em aspectos relevantes da estrutura cognitiva preexistente do indivíduo, ou seja, em informações já existentes em sua estrutura de conhecimentos. Esses aspectos relevantes da estrutura cognitiva que servem de ancouradouro para a nova informação são chamados “subsunçores”. 

Figura 3: Sala de Aula com recursos didáticos diversificados como instrumento mediador de aprendizagem significativa. 

Fonte: https://novaescola.org.br/conteudo/4857/blog-de-alfabetizacao-como-e-uma-sala-de-aula-americana

Considerar a aprendizagem significativa como um processo de ancoragem das novas informações a partir da relação estabelecida com os subsunçores significa conhecer esse educando, suas referências, experiência e bagagem de conteúdo. Bem como, implica lançar mão de recursos didáticos diversificados, como os possíveis de serem observados na figura 3. Especialmente porque a partir do momento que o conhecimento prévio é ancora para a atribuição de significados à nova informação, ele também se modifica, quer dizer, os subsunçores vão adquirindo novos significados. O processo é dinâmico e o conhecimento vai sendo construído. Portanto, é necessário o uso de diversas estratégias metodológicas e recursos didáticos para promover cada vez mais a estabilização e diferenciação dos subsunçores.

O estudioso é muito categórico quanto à importância de se considerar os conhecimentos prévios dos alunos para a efetivação de uma aprendizagem significativa, nas palavras dele o professor que ensina sem considerar a história dos sujeitos, suas experiências e informações prévias têm um esforço vão. Logo o professor precisa promover uma situação motivadora que faça sentido, e assim o aluno amplia, avalia, atualiza e reconfigura a informação anterior, transformando-a em nova.

Outra grande contribuição, fruto do desdobramento da teoria da aprendizagem significativa são os mapas conceituais. De maneira geral, os mapas conceituais têm por finalidade estabelecer relações significativas entre os conceitos. Em outras palavras, um mapa conceitual é uma representação gráfica, de significados conceituais com relações estabelecidas entre elas.
 
Figura 4: Representação da construção de Mapa conceitual

Fonte: https://www.google.com/search?q=mapa+conceitual&client=firefox-b&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjmh7PxjobcAhVCHJAKHTUfBQoQ_AUICigB&biw=1600&bih=786#imgrc=-RyqbgG1lqXFYM

Na figura 4 temos uma representação da construção gráfica de um mapa conceitual, nele colocamos o conceito central relacionado a outros que estabelecem significado. Um ensino inspirado numa abordagem ausubeliana, implica mapear a estrutura de significados possível ao contexto do conteúdo objeto de ensino.  Necessita identificar os subsunçores necessários para a aprendizagem significativa da matéria de ensino, bem como, identificar os significados já existentes na estrutura cognitiva do aprendiz. Demanda organizar de maneira seqüencial e lógica o conteúdo, fazendo opções coerentes de materiais pedagógicos, tendo em vista as ideias de diferenciação progressiva e reconciliação integrativa como princípios programáticos. Também implica ensinar lançando mão de organizadores prévios, a fim de criar relação entre os significados prévios do aluno e os que ele precisaria ter para aprender significativamente a matéria de ensino, além de conceber as relações diretas entre o novo conhecimento e aquele já existente.

Em síntese o mapa conceitual pode ser uma excelente ferramenta didática, pela sua possibilidade de estabelecer relação entre diferentes assuntos do mesmo conhecimento, dando uma noção do todo sem perder o entendimento das partes. Sendo uma estratégia possível e eficaz no processo da aprendizagem significativa. 


REFERÊNCIAS: 

AUSUBEL, David Paul. A aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes, 1982.

 
 


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