Daniel Costa

28/06/2018 13h07

Depois de três partidas com um futebol pragmático, já dá pra dizer que o Brasil tem uma boa defesa; que possui um meio campo esforçado, mas com a criatividade restrita aos lampejos de Felipe Coutinho; que Neymar não está jogando toda a bola que sabe, ainda que o que tenha oferecido não seja de todo mal; e que o time não tem um centroavante de marca maior.

Falta ao selecionado brasileiro um jogador com a ânsia de gol, que coloque a bola nas redes quando as oportunidades se apresentam dentro da grande área. Gabriel Jesus é uma aposta que até agora não deu certo, mesmo que ele seja, sem sombra de dúvidas, um atleta voluntarioso, que transpira na testa, ajudando de forma importante na recuperação da bola e voltando para marcar no meio campo. Mas o que se espera de um atacante, sobretudo, são gols em profusão. O negócio é bola na caçapa.

Nas próximas partidas, em que todos os jogos serão enevoados, não haverá espaços para gols perdidos, como tem acontecido. Além disso, as seleções que ainda permanecem na disputa, talvez com exceção da Argentina, possuem defesas sólidas; de maneira que, ou o jovem e reserva atleta do Manchester City acerta o prumo e começa a decidir quando a bola exsurge macia na sua frente, ou o Brasil logo comprará a sua passagem de volta.

Suspeito que Luiz Firmino, o reserva de Gabriel Jesus, que fez uma grande temporada vestindo a camisa do Liverpool, já deveria ter sido testado. Apesar de ele não ser um centroavante característico, preferindo atuar mais fora da área abrindo espaços para os outros atacantes, ele tem melhor estatura e é um jogador mais cascudo, de bigode, como se diz na gíria do futebol. É preciso ao menos tentar.

Dentre os gols brasileiros feitos até agora, apenas um foi marcado por atacante. Alguém pode pensar que isso seja um bom sinal, já que todo o time estaria participando das jogadas de ataque. Eu não. Tenho a impressão que, nas próximas partidas, o ataque da equipe canarinho precisará realmente se achar.

A verdade sem roupa, é que faz tempo que o Brasil não tem um centroavante de primeira linha. O último deles talvez tenha sido Ronaldo Fenômeno. É difícil ganhar uma Copa sem um jogador desse naipe no time, do tipo que, como escreveu Luis Fernando Veríssimo, “fala de goleiro com desdém e de beques centrais só antes de cuspir”.


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