Valério Mesquita

27/06/2018 14h30

No início de outubro de 2009, após exaustivas e penitentes pressões, o governo do estado alocou quatrocentos e cinquenta mil reais do seu orçamento para a restauração do empório dos Guarapes, em Macaíba. A decisão, logo em seguida, passou pelo crivo do Conselho de Desenvolvimento do Estado. No dia 27 de outubro de 2009, data aniversária da emancipação política de Macaíba, a então chefe do executivo, anunciou para uma multidão a sua providência e solenemente recebeu a medalha do mérito Fabrício Pedroza. Seguiu-se a expectativa dos procedimentos a cargo da Fundação José Augusto para licitar e pôr em prática o projeto, já pronto na sede do órgão. Em novembro de 2009, a Assembleia Legislativa, através de emenda coletiva de vários deputados, destinou mais quatrocentos e cinquenta mil reais para o orçamento estadual de 2010, objetivando atingir o valor global do custo da obra, calculado pela FJA. Até aí, tudo bem e nada a deplorar. Mas, no início deste ano a emenda prefalada da Assembleia foi vetada inexplicavelmente. Não se sabe, até hoje, as razões fundamentais. Ato contínuo, o próprio Poder Legislativo, por 22 x 0, derrubou o veto em março do corrente exercício, justamente por não entender e não existirem motivos para tal ambiguidade. Até a bancada do governo contribuiu para a queda desse veto. Em abril, quando o presidente da FJA Crispiniano Neto foi se entender com o secretário da Fazenda e Planejamento para liberar os quatrocentos e cinquenta mil reais do orçamento de 2009 (o primeiro recurso aludido liberado pela gestão anterior), recebeu a contundente resposta de que o dinheiro não foi empenhado, ano passado. Quem enganou ou sabotou: o próprio Planejamento? O CDE? A Casa Civil? Ou a governadoria? Não sai da memória a noite de 27 de outubro do ano passado, data da emancipação política – em praça pública –, a homenagem do município conferindo à governadora o “Mérito Fabrício Pedroza”, fundador dos Guarapes e de Macaíba, que antes de 1877, se chamava Coité.

E o que resta, agora, de tudo isso? A pergunta é do leitor que acompanha essa odisseia há anos. A dotação, colocada pelos parlamentares, em 2009, por não ter sido empenhada (Descuido? Esbulho? Má vontade? Vai vigorar?). Não sei. Resta-me dizer, parafraseando Paulo, o apóstolo, que combati o bom combate, continuo resistindo à canseira e ainda guardo a fé que veremos o empório dos Guarapes restaurado. Não deixarei me abater por esse episódio e nem Macaíba sairá dele humilhada, porque até as pedras da colina dos Guarapes não calarão. A luta continua.

Sobre os Guarapes ainda publicarei dois textos contando a verdadeira história dessa odisseia e as barreiras que tenho enfrentado nesse particular por ser oposição. Espero que o meu amigo vereador Gerson Lima leia os três arquivos.


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