João Maria Medeiros

09/06/2018 02h32
A paralisação dos caminhoneiros em todo o País mostrou algumas fragilidades e incoerências da nossa sociedade em diversas frentes. Mostrou o quanto o atual governo é incapaz e principalmente, reafirmou uma condição do brasileiro: a acomodação. Vou ficar só nessas.
 
A dependência rodoviária do Brasil e a falta de políticas estruturantes em outros modais de transporte como o ferroviário e a navegação de cabotagem, por exemplo, paralisou a todos e mais uma vez trouxe para a mesa do debate, a importância de se levar realmente a sério o nosso País. 
 
Acredito que o brasileiro perdeu uma excelente oportunidade de demonstrar a insatisfação geral que diz sentir quantos aos rumos que se quer. E de nada adianta ficar esperneando pelas redes sociais. Aliás, esse é um tema que tenho me referido sempre aqui neste espaço. 
 
Os caminhoneiros reclamaram que enquanto a paralisação deles era um alerta para toda a Nação com relação ao preço abusivo dos combustíveis, a maioria dos brasileiros se preocupou apenas em não deixar o tanque dos seus carros vazios, chegando a pagar por isso, preços exorbitantes pela gasolina. Essa, entre tantas outras situações, demonstra com clareza o paradoxo que vivemos nos campos político, econômico e social.
 
Ninguém está satisfeito com a situação atual em que se encontra o Brasil. Disso não há que duvidar.  Mas a grande questão que me faço é: Por que a luta por melhorias não se dá de forma efetiva?  Por que assistimos a lutas isoladas de segmentos ou mesmo de classes? Na verdade, ainda impera na sociedade brasileira a cultura do Sebastianismo. As pessoas, em regra geral, ainda esperam a vinda de Dom Sebastião, o redentor; o salvador da Pátria. 
 
Não acredito que iremos reconstruir o País com discursos inflamados e enquanto a intolerância e a falta de respeito pela opinião contrária estiverem no centro dos debates. As pessoas discutem sem fundamentação e acreditam em tudo o que cai em suas mãos via whatsap, por exemplo. A intimidação e o preconceito estão ocupando espaço maior do que a defesa do bem estar, da reciprocidade e do respeito às pessoas. Daí a razão de certa insanidade coletiva. 
 
Toda mudança exige coragem. Toda mudança requer uma parcela de sacrifício. Outro grande questionamento que faço é: será que estamos realmente comprometidos com a mudança que tanto desejamos? Há um longo caminho a ser percorrido e mais ainda, há muito pelo que brigar além dos preços abusivos. Enquanto nossa sociedade não despertar efetivamente para a necessidade de educar o povo e qualificar o futuro, continuaremos nessa nau a deriva, navegando num oceano fétido de lama.
 

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