João Maria Medeiros

17/03/2018 07h00
A eleição de outubro tem provocado uma infinidade de movimentos em todos os setores da sociedade, especialmente no setor produtivo que passou a se posicionar com maior presença na mídia, defendendo novos caminhos e postulantes para a política nacional. Nada mais justo, já que o setor tem responsabilidades importantes com o crescimento econômico e a geração de riquezas para o País.
 
A descrença geral da população nos políticos despertou o interesse daqueles que, cansados de impulsionarem a nossa economia e pagar uma elevada carga de tributos, passaram a enxergar a possibilidade de influenciar diretamente nos destinos da Nação, cobrando mais igualdade e justiça social na aplicação dos recursos públicos.
 
Em todos os recantos deste Brasil continental temos notícias de que o setor produtivo tem se movimentado para, ao invés de financiarem candidaturas de políticos tradicionais, passarem a investir em candidaturas surgidas na classe empresarial. Um despertar que pode resultar em melhorias no desempenho da gestão pública; seja no Executivo ou no Legislativo.
 
A principal questão que vejo nessa movimentação toda é que, pretendendo estabelecer para a sociedade uma diferença na forma e no meio de se conduzir a política, os empresários erram, cometendo as mesmas práticas dos políticos dito tradicionais. Explico melhor essa minha visão.
 
A falta de organização e a adoção de balões de ensaio na mídia com nomes que possam vir a ser candidatos. A falta de estudos melhor qualificados para realmente entender o que pensam, como pensam e o que esperam os eleitores, se prendendo apenas a pesquisas quantitativas com retratos do momento, além da falta de clareza nas propostas que defendem, acaba por colocar esses movimentos empresariais no mesmo saco da política tradicional.
 
O resultado de tudo isso é que quem deseja aparecer como a novidade nessas eleições, se vê obrigado a buscar composição com aqueles a quem condenam como arcaicos ou antiquados. Fazer política vendendo o sonho de uma modernização nos métodos e práticas se distancia da realidade exatamente pela falta de se planejar e definir claramente os propósitos.
 
Um exemplo real do que falo é o movimento Brasil 200, lançado pelo empresário Flavio Rocha e outros empresários do varejo. Um belo projeto, sem dúvidas, mas recheado de reclamações, constatações óbvias e quase nada de propostas práticas para a transformação que se pretende e se espera. Assisti a um evento do movimento e, honestamente, sai frustrado, pois esperava algo mais concreto e real sobre o que querem e como pretendem mudar o Brasil.

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