Wellington Duarte

05/03/2018 13h01
Em 2014, ano em que a crise econômica começava a dar sinais de que teríamos muitos problemas pela frente, o PIB brasileiro variou 0,5% e foi um vendaval de críticas vindos da mídia e dos setores que já estavam se articulando para bloquear o governo Dilma. Em 2015, ano em que o parlamento simplesmente bloqueou todas as tentativas, equivocadas é bem verdade, de Dilma em sair da crise econômica, o PIB recuou 3,8%. Em 2016, ano do Golpe e da pretensa recuperação do país, o PIB encolheu 3,5% e agora em 2017, depois de completar um ano destruindo os alicerces de um Estado democrático, o PIB variou 1,0%.
 
No portal do IBGE noticia-se que houve um CRESCIMENTO do PIB sob p rótulo de “avanço”, provocou alarido entre os governistas e apoiadores, om discursos ufanistas de que “tudo está melhorando”. A panaceia de que enfim saímos da crise graças a “ordem e progresso” do governo golpista, foi disseminado na mídia e nas redes sociais. O foguetório, no entanto, passa longe da real situação da economia da Terra Brazilis, devastada por quase dois anos de uma “reorganização” da economia em bases ultraliberais.
 
O encolhimento da economia é devastador. De acordo com a Consultoria Pezco, o fluxo de investimento na área de infraestrutura, que no ano passado foi de 1,7% do PIB, deverá ser o mesmo esse ano e PROVAVELMENTE 1,9% em 2019. Para essa Consultoria, se continuarmos nessa marcha, só em 2030, daqui a DOZE ANOS, chegaremos a 2,0% do PIB, marca alcançada em 2008 no governo Lula. Esse cenário sombrio deve-se principalmente ao esvaziamento do papel indutor do Estado no financiamento de projetos de investimentos da iniciativa privada, ou seja, na próxima década, a continuar a lógica dos que estão no poder, estaremos encolhendo nossa capacidade de fazer grandes projetos nacionais.
 
Mesmo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), é uma organização internacional composta de 35 países que procura fornecer uma plataforma para comparar políticas económicas, solucionar problemas comuns e coordenar políticas domésticas e internacionais, tradicionalmente conservadora “aconselhou” o governo brasileiro a realizar mais investimentos em infraestrutura, embora por um viés liberal, mas que demonstra a insuficiência, mesmo nessa esfera, que exibe o governo golpista.
 
Olhando os dados mais de perto veremos como esse “avanço”, que tanto animou a FIESP e os articulistas da grande mídia, traz alguns números trágicos. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que são os investimentos públicos, fechou 2014 em19,0% do PIB, e chegou a 15,3% no final do ano passado. E mais: se não fosse a boa safra agrícola, que cresceu 13,0%, teríamos tido, sem dúvida, um PIB negativo, visto que o setor industrial não cresceu nada e o setor serviços variou ínfimos 0,3%.
 
A indústria, carro chefe das economias modernas desde o século XIX, está em queda quanto a sua participação no PIB. De 16,5% do PIB em 2008, caiu para 11,8% em 2017, representando o enfraquecimento das políticas de formação de uma base industrial mais firme para alavancar o desenvolvimento.
 
Por tudo isso o “avanço” do PIB em 2017 está mais para “pibinhozão” e representa um rotundo fracasso das medidas draconianas tomadas por um governo que condenou 25 milhões de brasileiros que vivem do subemprego e no desemprego ao desespero de quem estava começando a ter a cidadania como base de sua vida.

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