João Maria Medeiros

03/03/2018 00h15
A mentalidade política nas pequenas cidades ainda é um dos grandes entraves para o desenvolvimento. Seja econômico, seja social e por consequência, dos próprios cidadãos. A cultura dos currais, aquela é em que o líder tem o domínio das pessoas e as mantem presas através de práticas danosas de assistencialismo e outros caminhos pouco republicanos é, a meu ver, o mal que coloca principalmente o Nordeste nas tristes estatísticas do atraso.
 
A política nordestina e em especial a do Rio Grande do Norte tem suas raízes no coronelismo e nas estruturas das oligarquias familiares. Uma elite cujo domínio territorial e político se estabelece a partir de formas bem engendradas para manter o controle absoluto sobre tudo e quase todos: os famosos cabrestos eleitorais.
Essa mentalidade, arcaica, dominadora, está presente nos dias atuais na forma como são conduzidos os processos de gestão em muitos municípios, e principalmente na cabeça da maioria dos eleitores, com destaque ai para os menos esclarecidos. O Prefeito do lugar tem a prefeitura como o seu próprio domínio e se utiliza da força como gestor para realizar as mais absurdas formas de manter esse poder sob seu controle.
 
A força do líder politico é exercida de maneira a deixar todos sob a sua tutela.  Existe uma frase bastante difundida que é a tal “força da caneta”. Quem a tem usa e abusa de suas prerrogativas e vai além para alcançar seus objetivos e manter o município sob seu domínio absoluto. 
 
Um exemplo bem claro disso é observarmos o comportamento das câmaras municipais. As casas legislativas se rendem facilmente através do tal “poder da caneta” do gestor do momento. Os vereadores, que na maioria das vezes trabalham muito pouco ou quase nada, buscam no exercício do mandato se locupletar, resolverem seus problemas em detrimento do real papel para o qual foram eleitos: trabalhar pelo povo. Para o bem estar da comunidade.
 
Mesmo com as lupas exageradas de organismos de controle, ainda é facilmente perceptível a mentalidade tacanha, coronelista de muitos gestores e legisladores municipais por esse País a fora. 
 
Foco o tema no Nordeste, mas essa forma de conduzir gestões públicas está disseminada em todos os estados brasileiros É preferível manter o povo pedinte e dependente da “ajudazinha” a trabalhar de verdade para transformar o cenário das cidades.
 
São tristes constatações. Mas enquanto educação de qualidade não for prática, continuaremos a ter municípios em completo abandono com o domínio da elite local cada vez mais aumentando o fosso das desigualdades. É esse o Brasil que temos de lutar para mudar de verdade.

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