Cefas Carvalho

28/01/2018 22h18
Tem gente que adora odiar. Sempre teve. Mas, a redes sociais fizeram esse pessoal ter mais voz, mais vez e palco para destilar o ódio. Na minha timeline, como na minha vida pessoal, nem tanto, seja por eu não permitir e ter rigor quase espartano em relação a isso, seja por sorte e ter desenvolvido relações reais e virtuais com pessoas que se indignam, discordam, esbravejam, são chatas por vezes rsrsrs mas que não fazem do ódio uma missão de vida.
 
Mas, vejo isso em linhas do tempo de amigos e, principalmente, nas páginas de comentários de redes sociais. Curioso (e chato) que sou, além da vocação investigativa inerente ao jornalismo,  vez em quando tento analisar esse ódio, ou melhor, os odiadores. 
 
Quando do julgamento de Lula, quarta-feira passada, um amigo jornalista de Mossoró teve seu post sobre o tema alvo de 16 comentários de um amigo hater dele. Ofendendo Lula, petistas, esquerdistas, sempre com deboche, palavrões e grosserias. 
 
Curioso, lá fiu eu no perfil e timeline da criatura. Não era fake, como pensei a princípio. Pessoa real, com direito a foto dos filhos e em bar no mesmo bairro onde morei em Mossoró, Doze Anos.
 
Contudo, das últimas 10 postagens dele, todas eram memes, vídeos ou matérias ofendendo Lula/PT/Esquerda. Todas as últimas dez. E a anterior a essas 10, era um post homofóbico esculachando Pabllo Vittar. Fotos e postagens pessoais até achei, mas remetendo ao reveillon e uma viagem para a Tibau, praia próxima. De lá para cá, só ódio.
 
Essa criatura não é um fato isolado no Facebook. Pelo contrário. Postagens de ódio já parecem ter igualado em número a posts outros (vida pessoal, comentários positivos, notícias etc).
 
Às vezes esse ódio está bem perto da gente, embora não nos atinja. Lembrei de um ex-colega de trabalho que passou dois meses postando quase diariamente contra Pabllo Vittar e o que ele classificou como "música degenerada e sem qualidade de hoje em dia". Claro que ele não postava músicas de qualidade, nem de hoje nem de antes, para indicar aos amigos quais seriam elas. Para ele, odiar estava mais divertido. 
 
É preocupante, claro, que as redes, feita para conectar pessoas, o estejam fazendo pelo viés do ódio ou em alguns termos, como no meu caso muitas vezes, estejam afastando pessoas em vez de aproximar. Gente que eu não tinha uma opinião formada mas com quem convivia tranquilamente antes do Facebook, hoje afastei da minha vida após posts homofóbicos, racistas ou ofensas a mim e a meus amigos.
 
Talvez os odiadores queiram justamente isso. Não apenas odiar, mas serem odiados. Freud explica. 
 

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