Wellington Duarte

23/01/2018 20h28
Diz a Súmula Vinculante 11 do Supremo Tribunal Federal: "só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito". Mas no caso era o perigoso ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, acusado de transformar sua prisão num “retiro”, coisa que parece ser estranha ao sistema penal, em se tratando de presos da sua elite, mas que não se deve usar como desculpa para saborear a cena bizarra.
 
O Judiciário, especialmente sua “nova” elite, formada por vestais fascistóides e pretensos candidatos ao Olimpo da honestidade (sic), literalmente ameaçou o Brasil com esse circo, mais um deles. Farão isso com quem, no caso os setores progressistas, que se posicionarem contra a Ditadura da Toga. Lula será o próximo a ser exibido como troféu dessa milícia e desses verdugos togados.
 
O aparato de repressão, não mais de segurança da República, do Golpe, perdeu a vergonha de se mostrar como é. Comandada por um delegado que foi escolhido a dedo pelo Traidor Temer e que veio do ninho de ratazanas fascistas que nas eleições de 2014 vociferou seu ódio em redes sociais, sem nenhuma punição, virou um feudo de iniquidades, com espetáculos mórbidos, como o sequestro de Lula, ocorrido em março de 2016, impedido pela turba furiosa que impediu, na marra que o mesmo fosse levado para o picadeiro da Farsa a Jato.
 
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que criminosamente apoiou o Golpe e a deposição de Dilma, se vê agora às voltas com a necessidade de reclamar “igualdade para todos”, esquecendo que a Caixa de Pandora, quando aberta, não tem regras e não segue padrões ou conveniências. Quem deu o Golpe, não tem porque seguir regras, já que as quebrou.
 
Os que ainda acreditam que o TRF 4 de Porto Alegre fará um julgamento isento, na próxima quarta-feira, podem começar a acreditar no Pé Grande e na Mula-sem-cabeça, pois há exemplos fartos na história de que a Inquisição, quando se instala, cria sua própria jurisprudência e o seu próprio entendimento da Lei, que ela mesma aplica. O julgamento de Lula é uma pilhéria contra a democracia e até seus algozes, como o Inquisidor Moro, sabem disso e por isso a peça que trata da condenação desse verdugo desqualificado, é uma aberração. Nada a estranhar quando o presidente do TRF 4, “amigão” de Moro, qualificou essa aberração como tendo “alta qualidade”, antes inclusive de ler o arrazoado de milacrias escritas por esse tucano de toga.
 
Com o país mergulhado numa devastadora crise econômica e social, esses agentes concursados do Estado, se tornaram uma ameaça real à democracia, ajudados por um sistema político apodrecido e por um sistema de comunicação completamente alheio ao que existe de mais trivial numa rede que se pretende neutra: investigar, ouvir e publicar. Hoje os meios de comunicação são aparatos de propaganda deslavada dos golpistas e desde a semana passada “preparam” a população para a confirmação de Lula, tornando-o responsável pelo que acontecer em Porto Alegre.
 
O “julgamento” de Lula, na próxima quarta, transformou-se numa das muitas batalhas que a Resistência vem enfrentando desde o Golpe de maio de 2016 e mesmo os setores de extrema-esquerda, como o PSOL, perceberam a gravidade do momento e já se posicionaram contra a seletividade do julgamento e o país, que já teve seu reconhecimento internacional reduzido a pó por esse governo golpista, agora se tornará uma sombria referência de como um dos tripés de um regime democrático representativo, pode “enjaular” todo o sistema, impondo sua “visão de mundo”, sendo que estes vestais tiveram menos votos do que qualquer síndico eleito em qualquer prédio ou condomínio desse país.
 
A manifestação que ocorrerá em Porto Alegre, cuja expectativa é que reúna 50 mil pessoas, resume a recente história do país, novamente condenado a lutar por uma democracia sempre cambaleante e incompleta, mesmo depois de 32 desde a redemocratização, já que dizer que o “perfeito funcionamento das instituições republicanas” assevera que vivemos numa democracia, tornou-se uma piada de péssimo gosto.

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