Cefas Carvalho

19/01/2018 01h49
Mostrando livros para a filha-leitora de férias, resgatei "O Morro dos Ventos Uivantes", da inglesa Emily Bronte, livro fabuloso e terrível que me impactou muito e que é até hoje o favorito de minha mãe, dona Maria Helena. O interesse de Ananda na saga pessoal e alucinada de Heathcliff e Cathy me fez resgatar a bela canção de Kate Bush "Wuthering Heights", que fez imenso sucesso nos anos 80. Eu que tanto venho falando sobre música nos últimos tempos, lembrei que a música era de praxe nas programações de rádio de músicas de amor. Com o locutor a anunciando: "Para os românticos e apaixonados, lá vai mais uma canção...".
 
A curiosidade é que de amor a canção não tem nada. Narra em primeira pessoa a relação tumultuada e obsessiva (mais para fixação e ódio que para amor) entre ela e o cruel Heathcliff, com a letra cheia de tensão, certo ar de terror e referências à trama.
 
Na verdade, para o ouvinte médio brasileiro qualquer canção em inglês que tenha melodia mais lenta e um piano ou uma guitarra dedilhada, "é de amor". Nas festas anos 90 era normal casais apaixonados dançarem ao som de "Tears in heaven". Só que a música fala da saudade do autor, Eric Clapton, do filho que havia morrido, caindo tragicamente da janela do apartamento.
 
Idem em relação a "Nothing compares 2 U", de Prince, mas famosa na voz de Sinead O´Connor, sempre anunciada "entre as mais românticas", mas que narra o cotidiano melancólico de uma jovem poucos dias após a morte da mãe dela.
 
Existem muitas canções boas de amor em língua inglesa. Mas nem todas a são. Os apaixonados que cuidado para não cantar gato por lebre. 
 

*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR (A).