Tatiana Linhares

24/12/2017 10h36

Desde muito novinha, eu lembro (ou vejo nas fotos, já que minha memória não é das melhores!) de grandes encontros em família. Tanto do lado paterno quanto materno. Cada um com suas características específicas e insubstituíveis! Como muita gente aí não sabe, sou filha de um carioca com uma mineira e, ao longo dos anos, nossos natais se dividiam entre a acolhedora e fresca (hoje em dia não mais) Itabira e a quente e alegre (cada dia mais!) Nilópolis.

Quando o Natal era mineiro sabíamos de três coisas infalíveis: o amigo secreto ia fazer nossa barriga doer de tanto rir, na boa e velha decoração de frutas sempre eram achados vários bombons Garoto (foi mal o merchan) escondidos e todas as crianças iriam ficar ajoelhadas em volta da imagem do Menino Jesus, rezando, enquanto os presentes apareciam “do nada” na árvore de Natal.

Em Minas, durante muitos anos nossa rotina era assim: na noite do dia 24, todos nos reunimos com nossas roupas mais bonitas para a ceia de Natal com tudo que a tradição manda. Por volta da meia-noite, tinha a troca de presentes e a mesa de sobremesas era liberada. Na manhã do dia 25 tinha um café da manhã incrível com direito a pasteizinhos de goiabada e panetone recheado. E ao longo do dia chegava todo tipo de gente e parente, de perto e de longe, e a festa acontecia o dia inteiro com mais comida, mais doces, mais presentes.

No Natal carioca o que sempre me marcou foi a grande quantidade de crianças, porque todo mundo meio que regulava idade. Era uma confusão de gritos, pernas e bagunça. Um calor infernal que, para a gente, não fazia a menor diferença porque ia ter piscina e mangueira pra resolver isso. Tenho a nítida visão da minha avó comandando a cozinha com as noras pingando suor e um monte de ventilador espalhado envolta do fogão. Era uma “orgia gastronômica”. De família portuguesa, minha avó tinha um menu que incluía bolinho de bacalhau, castanhas cozidas, tender enfeitado com cravo.

Para que todos pudessem sentar para cear juntos na mesma mesa, meu avô armava uma estrutura com grandes pedaços de madeira e minha avó colocava várias toalhas de estampas de natal variadas. Um carnaval só! Pra criançada, tanto fazia! Tinha comida, tinha presente e tinha meu tio mais magro fantasiado de Papai Noel. Literalmente! Diversão garantida e muita comida garantida para o almoço do dia seguinte que incluía churrasco!

Mas uma coisa os dois natais tinham igual: amor de sobra, muita saudade para matar e uma vontade imensa de estarmos todos juntos.

Hoje, sobra nostalgia e boas lembranças. Fui uma criança muito feliz por entender que o real sentido do Natal é o amor ao próximo. Tive a sorte de ter minha família como professora desses bons costumes. E tenho uma sobrinha linda para ensinar esses valores tão essenciais à minha criação.

O que desejo é que no seu Natal, seja ele como for, você possa ter com quem dividir o pão, o dia, as alegrias do ano e as esperanças de um futuro melhor! Feliz Natal pra vocês!


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