Nicole Tinôco

28/11/2017 10h45
Oi pessoas, estavam com saudades?
 
Peguei uma semana “off ” para me conectar com um novo projeto, semana que vem eu conto pra vocês! 
 
Hoje o tom desta coluna que vos ‘fala’ será um pouco diferente. Esqueçamos  momentaneamente o lirismo e a ludicidade. É preciso uma certa seriedade quando o assunto pede. Um dia de luta (virtual e nas ruas) ocorreu no último sábado: #Diainternacionaldanãoviolênciacontraamulher. 
 
Minha ideia inicial era a de contar a historia desta data, quando ela iniciou, as suas motivações... Mas dois pontos precisam ser levados em consideração. O primeiro é que isso (contar a história ) foi feito a exaustão nas redes sociais.  Basta colocar a #hashtag acima exposta em qualquer das redes que tiveres acesso, que você encontrará esta e outras muitas histórias. Faça isso. É um bom exercício de pesquisa. O outro ponto é o que mais me entristece.  O de que, eu preciso pedir para você conhecerem esta data. Vocês amigos, seguidores, conhecidos,, homens e mulheres. Preciso convidá-los a conhecer este dia instituído pela ONU em 1999 para reflexão acerca da situação de violência sob a qual estão submetidas mulheres ao redor do mundo, data inspirada  na luta das “Las Mariposas” mulheres brutalmente assassinadas em 1960 na República Dominicana. 
 
8 anos se passaram e você nunca ouviu falar, ou soube apenas “por alto” acerca desta data? Isto muito me preocupa. Minha “timeline” estava repleta de folders, textos, histórias de agressões, convites para atividades. Mas e a sua? Você homem, sabe o que é esta data? Você mulher tem consciência da necessidade de atuação neste e em muitos outros tantos dias de nossas vidas? É para vocês que eu venho falar hoje. Não tenho proposito de me ‘fechar’ em guetos feministas. Falar de “empoderamento”, de agressões, de machismo, de força da mulher para quem já sabe não me interessa. Quero vocês, os que não sabem. Quero “chover no molhado”” para uns/umas pouco(as) e “mostrar um mundo” aos que não possuem qualquer familiaridade com esta temática.
 
Vamos lá, sem mais delongas:
 
 Feminismo em 5 cápsulas (rápidas e indolorosas)
 
1) Feminismo não é o oposto de machismo. Não coaduna com a misandria (ódio ou desprezo contra homens e meninos). Nem tampouco se denomina um movimento humanista. É, na verdade , um movimento que busca a Igualdade de gêneros. Leia-se igualdade formal, perante a Lei, não se trata aqui de igualdade no sentido biológico (somos completamente diferentes genética e biologicamente e o feminismo não pretende mudar isso.) A igualdade “foco” do feminismo é a legal, instituída pela constituição : “Homens e mulheres são iguais perante a LEI”. Portanto, um homem e uma mulher em iguais condições, a exemplo dos casos da seara trabalhista, que exerçam as mesmas funções em uma empresa , durante igual período de  serviço prestado,  não há razão plausível nem amparo legal para distinções  salariais.
 
2) A expressão sexual e criativa de homens e mulheres deve ser enxergada da mesma forma pela sociedade. O que é bom para um homem , deve ser de igual modo para as mulheres. De maneira bem didática, se para o homem ficar com alguém “na balada” ou até mesmo optar por ter relações sexuais com o parceiro (a) no primeiro encontro para é sinônimo de “ser descolado” ou ser intitulado positivamente como “pegador”, de igual modo deve ser para mulher. E não me venham com discursinho retrógrado, de que com a mulher “é diferente” pois não é. Se é “cool”, legal, divertido para o homem, o órgão genital da mulher não a escraviza ao ponto de ter ela que ser tratada de modo diferente. Chega né? Vamos avançar algumas “casinhas” nesse jogo da vida. 
 
3) Feministas são donas dos seus corpos. Aquela brincadeirinha super válida: - Não sou obrigada a N A D A! Nada mesmo viu mulheres? Essa coisa de querer proibir mulher de “se depilar”, de “se maquiar”, namorar homens, ou fazer o que quer que elas queiram não combina com feminismo. (Quem vai nessa contramão precisa repensar um pouco). Depilar-se ou não, gastar fortunas em salão de beleza de beleza ou nem pentear o cabelo; pintar as unhas todo dia de uma cor, ou usá-las ao natural vai da escolha pessoal de cada uma. O dinheiro , o corpo, a vida de cada mulher pertence apenas a ela mesma.
 
4) Abuso é abuso tá? Não cabe aqui relativizações. A culpa nunca é da vitima é sempre do agressor. Não importa se ela estava bêbada, com roupa curta, em rua escura e perigosa. Nada disso importa. Quando você souber de algum caso de abuso, seja ele qual for, só há um único questionamento a ser feito: “- Ela já procurou amparo legal? 
 
5) Por fim, mas não menos importante ou polêmico:  a questão do Aborto. Confesso que este é o ponto mais delicado para ser abordado por mim como mãe & cristã. Mas é necessário que fique claro: Estas são condições pessoais minhas que nada têm a ver com a temática feminista. O feminismo não levanta bandeira do aborto propriamente dito. E sim, a legalização da conduta, no sentido que as mulheres que assim optarem possam fazer isso de forma segura legalmente,  e , no que se refere a saúde publica, saúde da mulher.  Este é o tópico mais polêmico e prometo voltar a ele mais a frente. A questão religiosa ou ideológica de que se trata de um crime contra vida/contra Deus embora necessária a ser abordada trata-se de posicionamentos intrínsecos de cada mulher. O feminismo quer de fato cuidar da mulher, para que menos mulheres morram e que cada dia mais elas se informem acerca dos riscos a saúde dela e do filho.(que possa vir a nascer).  É uma questão que perpassa muitos aspectos, desde a propriedade da mulher sobre seu próprio corpo, o direito de optar pelos caminhos  a ser seguidos  em sua  vida,  como também da necessidade de se abordar este que é um dos dos maiores tabus das sociedades desde que o “mundo é mundo”.
 
Acho que por hoje é só. Violência contra mulher e o feminicídio foram meus temas de conclusão do curso como Bacharel em direito.  Entretanto, me considero cada dia mais leiga, uma mera aprendiz no assunto. Então, vamos aprendendo juntos, eu você, e toda a sociedade para que um dia possamos viver em um mundo mais próximo da justiça e igualdade de gêneros. 
Até mais. 
 

*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR (A).