João Maria Medeiros

25/11/2017 06h41
Como profissional do marketing político e sempre que chego a uma cidade em que não conheço, gosto de andar de ônibus, percorrer todos os bairros e lugares mais distantes. Sempre puxando conversa com as pessoas tentando extrair desses bate papos, informações, peculiaridades que me ajudem a estruturar uma visão mais sistêmica daquele lugar a partir das impressões do cidadão anônimo. Isso é atividade comum em minhas andanças pelo país.
 
Entrar em fila de banco (não tem coisa mais chata nesse mundo), descobrir a praça de taxi mais concorrida, os botecos mais simples e se tiver uma mesa de sinuca melhor ainda, além das pracinhas onde aposentados e desocupados de ocasião se reúnem para matar o tempo jogando dominó e discutindo de tudo pouco além de cansativo é bastante prazeroso.
 
Tudo para puxar conversa sobre a realidade local, os políticos e como as pessoas encaram suas satisfações e insatisfações com gestores e seus representantes. Sem dúvidas, é um dos bons exercícios que pratico para formular um pensamento crítico do lugar e, a partir dos cruzamentos com as pesquisas de opinião, construir estratégias para atuar numa campanha eleitoral, por exemplo.
 
O interessante nessas andanças são as figuras com quem tenho me deparado. Pessoas de todos os credos, etnias, classe social, faixa etária, gênero, uma verdadeira geleia geral - para me inspirar no genial poeta piauiense Torquato Neto – em que a sabedoria popular, o conhecimento mais precário se misturam com teses mais bem elaboradas, conceitos, preconceitos, antíteses... todas convergindo para um só ponto: A realidade daquele lugar.
 
As pessoas estranham essa minha prática. Talvez por considerarem a atividade do marketing politico algo especial, com formulas super criativas e, por isso mesmo, distante da realidade cotidiana das pessoas. Um grande engano. É nas ruas, na conversa com o taxista, com o motorista de ônibus e nos bancos das praças que surgem muito da inspiração que nos leva a definição de estratégias e até mesmo de como devemos direcionar as linguagens dos meios de comunicação para falar e chegar mais próximo da população eleitora.
 
Para muita gente, nós marqueteiros somos bruxos, praticantes de magia ou outros absurdos que costumeiramente ouço. Que nada. Não existe magia a ciência atua. Praticar a sociologia, entender um pouco da psicologia comportamental, compreender o pensamento das pessoas e abusar da semiótica na construção de uma estratégia para uma campanha eleitoral é exercício que exige, às vezes, apenas 5% de inspiração e 95% de transpiração. 
 

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