Tatiana Linhares

19/11/2017 10h31
Esse é um texto que escrevi em 2012, veja só! E depois reescrevi em 2015! Mas tem coisas que não mudam nunca nessa vida, incluindo certas posturas, convicções, comportamentos e, obviamente, ideias.
 
Uma vez o filósofo Friedrich Nietzsche disse que “a vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas… como se fosse a primeira vez!”
 
Me identifiquei imediatamente! Minha memória é horrorosa. Mas e daí? Nietzsche estava certo. Quando não conseguimos lembrar de tantas coisas assim, as que ainda estão na memória são incríveis. Sobretudo as recordações recentes boas!
 
Não sei se você sofre do mesmo problema que eu, mas não gravo as palavras exatas que me falam; não lembro os dias exatos dos acontecimentos; esqueço os rostos das pessoas; deixo passar detalhes importantes. E tem mais: eu não sou boa para decorar números de telefones, repassar recados e lembrar aniversários. Às vezes, acho, até crio novas memórias para o que acaba ficando defasado.
 
Por isso, ao longo dos anos, desenvolvi um método de referências para garantir recordações prazerosas das coisas boas que me acontecem. Todos os meus sentidos funcionam coordenados num indescritível esforço para garantir à minha memória alguma coisa para se ocupar.
 
Um toque, um cheiro, o sabor das coisas, uma música que tocava ao fundo, o andar da pessoa, os gestos, o tom de voz, um olhar… são mais sensações que me levam de volta a momentos indescritíveis.
 
Não lembro o nome do menino que me deu meu primeiro beijo, por exemplo. Eu sei, já me falaram que parece algo triste. Mas o que não esqueço é do frio na barriga e do arrepio subindo pelas costas quando nossos dentes bateram no meio do beijo.
 
Também lembro muito pouco do dia da minha colação de grau. E isso nem tem tanto tempo assim. Lembro da beca, do calor que fazia dentro dela, da quantidade enorme de gente na plateia, da banda da faculdade tocando “vou deixar a vida me levar”, dos balões caindo na minha cabeça e da alegria imensa que eu senti.
 
Mas, e daí se minha memória não é assim tão privilegiada? Um outro filósofo, Albert Schweitzer, explicava que “felicidade é nada mais que boa saúde e memória ruim!”
 
Boa saúde? Sim!
Memória ruim? Sim!
Felicidade? Com certeza!

*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR (A).