Cefas Carvalho

19/11/2017 12h27
Na terça, durante um evento, conversei longamente com um amigo que defende não apenas o fim do estatuto do desrmamento como que todos os cidadãos de bem, seja lá o que isso for, andem armados.
 
"Veja, Cefas, em um bar hoje, o bandido chega a assalta todo mundo porque sabe que todos estão desarmados. Se todos lá estiverem armados, o bandido nem vai".
 
Discordei. Argumentei que o bandido, via de regra, não tem nada a perder, já está em um universo onde o risco é inerente. Os clientes do bar, sim, mesmo armados, tem o que perder em um tiroteio: vida, saúde, pessoas queridas etc.
 
Mais ainda: Perguntei se o amigo querido assistia a jogos de futebol em bares. Ele respondeu que não.
 
Eu, sim. Muitas e muitas vezes há vários anos. Adoro assistir a futebol em bar.
 
E lembrei a ele das dezenas, talvez uma centena de vezes que presencei ânimos exaltados durante Flamengo x Vasco, ou ABC x América, por cidadãos de bem que irritados com o resultado e com umas cervejas a mais na cabeça, partiram para agressões verbais, ironias e não raro umas mesas empurradas e umas garradas quebradas no chão.
 
Imagine esse pessoal todo cada um com uma arma na mão. "Para se defender do bandido".
 
Mas se ele não chegar, sabe-se lá o que acontece na cabeça daquele americano irritado com o deboche do abacedebista, ou com o palmeirense ofendido com a gozação do corinthiano campeão.
 
Aí em uma manhã de domingo dou de cara com essa matéria. Tiroteio em bar de Morro Branco. Entre capitão PM e policial civil. https://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/capitao-da-pm-e-policial-civil-trocam-tiros-durante-briga-de-bar-na-zona-sul-de-natal.ghtml?utm_source=whatsapp&utm_medium=share-bar-smart&utm_campaign=share-bar
 
Sei que bar é esse, já o frequentei. 
 
E penso: isso aconteceu com duas pessoas com treinamento para onde e quando usarem armas de fogo. 
 
Imagine comigo, com você, com o tiozinho conservador nervoso, com o ciumento que detesta os homens do bar olhando para a namorada dele.
 

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