João Maria Medeiros

18/11/2017 11h36
O exercício político tem sua dinâmica própria e como tal, exige uma análise mais detalhada sobre os acontecimentos em seu entorno e, principalmente, alguns aspectos subliminares. O discurso político é recheado de simbologismos escondidos nas entrelinhas e que muita gente não consegue alcançar num primeiro momento.
 
A famosa frase “faça o que digo, não faça o que faço” é um bom exemplo para caracterizar essa situação muito comum nesse universo fantástico onde quem pensa que é mais esperto nem sempre se descobre como tal. A política não é ambiente para ingênuos. Apesar de estar repleto de corações puros e crédulos de que nessa vida as boas intenções estão sempre em primeiro lugar.
 
Não se trata aqui de pessimismo ou mesmo descrença total. Mas é importante estar alerta para não cairmos em armadilhas e táticas ardilosas que nos transformam facilmente em massa de manobra ao gosto dos interesses de certos grupos políticos. 
 
Há uma desculpa muito comum para justificar as falhas e incorreções provocadas pelo fazer político. Principalmente para quem detém algum tipo de mandato e o utiliza quase que exclusivamente para promover os seus próprios interesses em detrimento da sociedade. A de que a política é dinâmica e o que acontece hoje, pode não servir mais amanhã. Pura balela. Engodo meticulosamente trabalhado para encobrir, na maioria das vezes, situações em que o discurso se distancia quilômetros da prática.
 
Trago esses temas à discussão exatamente por estar assistindo a um imenso festival de enganações e artimanhas utilizadas por muitos políticos como forma de justificar ou tentar nos fazer acreditar que os erros cometidos e que nos atingem diretamente são frutos da velocidade com que as coisas acontecem na política.
 
As máscaras, símbolo do teatro e alegria de muitos no carnaval, também servem para esconder intenções ilegítimas, discursos falsos, compromissos não verdadeiros. Isso, a meu ver, é consequência de uma distorção de entendimento que se faz, de que um bom político tem de ser um personagem.
 
Essa distorção é histórica. Está emaranhada na cultura brasileira do fazer político. É muito comum ouvir de candidatos em períodos de eleição, que eles precisam aparecer de forma que os eleitores o percebam diferente do que realmente eles são. Talvez esteja ai, uma das razões para tanta surpresa e indignação quando o País descobre o lamaçal que tomou conta da nação.
 
Afinal, para quem realmente não se posta como autentico e tenta ser personagem trair e coçar e só mais um fato corriqueiro. 
 
 

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