João Maria Medeiros

04/11/2017 00h30
“O brasileiro quando não é do choro é entusiasmado”. É o que nos diz a introdução do clássico brasileirinho. Essa característica de ser entusiasmado nos torna um povo mais aberto a aceitar certas situações, que somente depois de algum tempo, é que percebemos o equivoco em que nos metemos.
 
O ufanismo nacional em torno da grandiosidade do País e da generosidade da nossa gente vem sendo pregado e estimulado ao longo do tempo, como uma forma de vender a realidade que as elites dominantes querem que a massa da população acredite. 
 
Durante a ditadura militar se vendeu a modernização da nossa indústria, a força motora dos grandes projetos de engenharia como a ponte Rio Niterói, as grandes hidrelétricas, as usinas nucleares. Nos venderam o milagre econômico. A verdadeira saída para todas as mazelas acumuladas desde o império. Uma onda de grandeza, embalada por um momento econômico promissor pegando carona na dicotômica relação do mundo durante a guerra fria. E o brasileiro acreditava que tudo aquilo era real.
 
Não foi diferente quando o País voltou a respirar os ares da democracia. A efervescência libertária, provocada pela volta dos intelectuais, artistas e boa parte de figuras brilhantes da política que, depois de um amargo ostracismo no exílio, trouxe, naquele momento, mais uma onda de esperança. E nos fez acreditar que agora sim, o Brasil teria mais vigor nos cenários político e econômico do mundo. 
 
Os anos de democracia trouxeram, realmente, a liberdade para o seio da nossa sociedade. O País passou a escolher livremente seus representantes e chegou a um nível de maturidade tal, que promoveu o impeachment de um presidente. Mais uma onda de ufanismo nos fazendo acreditar que nosso País, agora amadurecido e livre das amarras que o regime totalitário dos militares nos impôs, assumiria, com sua postura libertária, lugar de destaque nos cenários dos grandes mercados mundiais.
 
Ai veio o maior exemplo: a eleição de um operário para comandar os destinos desse Brasil gigante, pujante e eternamente ufanista. Todos nós acreditávamos que era o caminho certo. E até fizemos coro para Obama: Sim, ele é o cara!
 
A verdade é que o Ufanismo no Brasil tem servido a uma elite que domina o capital e os seus acessos às oportunidades com mão de ferro. E isso, infelizmente, não tem permitido que a desigualdade regional e seus efeitos danosos para a população realmente desapareça. O Brasil desigual ainda é um País doente. Essa triste constatação precisa mudar. Só depende de nós.
 

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