Cefas Carvalho
27/10/2017 20h43
Desonestidade intelectual é coisa feia. Muito feia. Beira o imperdoável. Porque transita praticamente entre dois polos: a ignorância e a ma-fé. A primeira é, claro, desculpável e induz que informemos a pessoa. A segunda faz parte do mau caratismo mesmo. É tentar se impor pela mentira, tentar enganar os outros, distorcer, iludir.
Eu teria dezenas de exemplos para citar. O mais recente que me vem á cabeça, e pegando gente ilustre, não anônimos haters da web, é o deputado Rogério Marinho, que para desqualificar Paulo Freire no Congresso se valeu do "Decálogo de Lênin", supostamente admirado pelo educador.
Acontece que Lênin jamais escreveu o tal decálogo. Trata-se de boato - e velho - de internet. Notícia falsa. Fake news.
Então, das duas uma: ou Rogério, que sempre teve acesso a escolas de qualidade e informação, é ignorante (desinformado seria em outra circunstância. Nesse caso é burrice mesmo). Ou usa da ma fé para ludibriar seus pares e eleitores.
Repito: Não se trata de estar do lado x ou lado y. De ser progressista ou conservador. Trata-se de não ser desonesto intelectualmente. Não compactuar e/ou compartilhar mentiras.
Sabe aquela foto do "artista nu do MAM" em ciranda, nu, é claro, com quatro crianças? É MENTIRA. MONTAGEM. O vídeo real da performance foi amplamente divulgado. Mas aquela foto é mentira.
Quando amigos a compartilharam, com indignação cristã e pela família, no Facebook e Zap, adverti que a foto era montagem, uma desonestidade. E desfiz a amizade.
Não dá mais para compactuar com desonestidade intelectual. Com quem não checa informações. Ou quem as checa mas acha divertido espalhar a mentira já que a web "é terra sem lei".
Parece, e talvez seja, arrogância, mas não dá para conviver virtual e realmente com quem deseja de manter na ignorância. A mesma pessoa que posta algo no Facebook pode abrir uma aba e pesquisar no Google sobre o posta. Leva menos de um minuto para tal.
E também não dá para manter relação civilizada com quem usa de má-fé, seja por ódio (haters e trolls) seja para "tirar onda". Como se diz no interior nordestino, "vá e se réie para lá!"
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