João Maria Medeiros

28/10/2017 08h00
A política brasileira está um caos. Isso não é novidade para ninguém. Aonde quer que se vá o tema recorrente é a descrença nos políticos e o marasmo da população, e por isso, muitos acham que não há luz no fim do túnel. Um ledo engano.
 
A onda devastadora que expôs o lado sombrio e inescrupuloso como a política nacional se alimenta, retroalimenta e conduz os destinos da nação, trouxe também para a mesa dos debates, a necessidade de se repensar, reestruturar e reformular o caminho a ser trilhado pela sociedade em busca de desenvolvimento, paz social, economia pujante e, por conseguinte, a elevação da auto estima dos brasileiros.
 
Ai começa a surgir a “nova Política”, recheada de arautos da moralidade. Gente que prega o fim dos tempos nebulosos da corrupção estimulando a sociedade a participar, mas não prega com clareza, pelo menos até agora, o que efetivamente pretende, o que realmente pensa ser essa “nova politica” e como vai solidificar os pilares para essa tão desejada e esperada transformação no modus operandi de conduzir os destinos do País.
 
O Brasil é pródigo em oferecer profetas das transformações sem embasamento profundo, calcado apenas no oportunismo que os momentos extremos provocam. Gente que entoa um discurso mais agradável aos ouvidos dos descontentes, num jogo retórico que não aguenta um debate mais forte e centrado em argumentos lógicos e bem estruturados: quanto à atitude, o conteúdo ideológico e a posição clara do que aquilo que se diz é o que realmente se pratica.
 
Precisamos ter cuidado com os profetas da salvação nacional. No exercício prático da política, o cenário está repleto de almas bem intencionadas. Mas só com boa intenção não se constrói as verdadeiras mudanças.
 
Ainda não vi, nem aqui nem no Brasil, um discurso efetivo em que possa afirmar: esse aí é novo! Até aqui, o que surgiu foram alguns projetos vendendo muito mais palavras doces aos nossos ouvidos incrédulos do que caminhos concretos, que apontem direção para uma nova realidade política nacional.
 
Pregar a revolução e o fim da corrupção apenas com retórica e sem acreditar que a verdadeira mudança só será feita a partir de transformações profundas no pensar e agir da sociedade, é pura balela. Engodo de quem, espertamente e diante da apatia generalizada que assola o País, sabe se aproveitar da eterna fraqueza do brasileiro: acreditar que um só vai salvar a Pátria. O temor é que a nova política seja somente mais uma troca, ou como se diz no popular: Seis por meia dúzia. Eu espero que não.
 

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