Evandro Borges

28/09/2017 19h04

A situação dos camelôs no Alecrim está chamando atenção de toda a cidadania em face da ação do Executivo Municipal de Natal, demonstrando um inconformismo de quem está envolvido diretamente, parecendo que está faltando informações, e, a Câmara Municipal aprovou por unanimidade dos Vereadores presentes na sessão ordinária, a convocação do titular da pasta da SEMSUR, Sr. Johnny Costa, para uma audiência pública, requerimento de iniciativa do Vereador Sandro Pimentel/PSOL.

O Alecrim é um bairro histórico, populoso, com um comércio popular pujante, de muito trabalho formal e na informalidade com camelôs no passeio público, nas calçadas, nos canteiros, em praças públicas, juntos comércio formal e informalidade formando o perfil do Alecrim, com muita gente, estacionamentos lotados, com lojas de autopeças prestando serviços nos estacionamentos, transito intenso, um verdadeiro “frenesi”, uma festa para muitos.

Quando adolescente trabalhei com os meus primos nas sapatarias dos meus tios, na Grécia Calçados, frequentava as sapatarias dos Araújos, de Maurício, de Odelson, de Valdir, do Mundo dos Calçados e a cigarreira agregada de Edson Renovato de Oliveira, na Avenida Presidente Bandeira, coração pulsante do Alecrim, sempre no mês de dezembro, varando o dia e a noite no período natalino, quando as pessoas de poucos recursos compravam sapatos uma vez por ano, foi um aprendizado inesquecível pela convivência com comerciários, comerciantes, com camelôs, consumidores e fregueses, ainda sinto o cheiro da torrefação do café Vencedor.

Os comerciantes e camelôs sempre tiveram uma relação complicada, de acusações, de uma parte contra outra, todavia, “no frigir dos ovos”, todos se entendiam, e se mantinha a convivência, medo mesmo, todos tinham dos fiscais do fisco, a correria era grande, assovios de aviso, apelidos, próprio do Brasil, como todas as cidades metropolitanas, até a capital federal, Brasília tem a sua feira do Paraguai, e São Paulo com a maior de todos, com a famosa 25 de março instalada entre a Sé e o Mercado Municipal.

Ao Município cabe organizar o comércio, estabelecer regras, normatizar, pode alterar e promover mudanças, com transparência, informação e ética, tratando todos como cidadãos, portadores de direitos, no entanto, não pode excluir, esmagar, quebrar o trabalho informal e humilhar os camelôs, pois a informalidade é um fato, principalmente, para um país carente de trabalho, e muitas vezes precários, necessitando as pessoas e famílias sobreviverem com o mínimo de dignidade.

O contribuinte individual para previdência atinge mensalmente, a quantia de noventa e seis reais e oitenta centavos, para microempreendedores, cuja inovação se deu para incluir a informalidade, a fim de aumentar a receita previdenciária e melhorar a situação dos informais, assim, os camelôs precisam de um tratamento respeitoso, não é com violência, não se pode confundir discricionariedade administrativa com autoritarismo e perversidade.

Que venham os shoppings de onde vierem, com capacidade de investimentos e idoneidade. Que se organize o comércio formal e informal no Alecrim, que se libere o passeio público, com atitudes com transparência, com efetivo diálogo, com capacidade de ouvir, destinando um tratamento cidadão, respeitando a todos indiferente do poder econômico, pois, é isto que se espera do Poder Público.   

 


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