Valério Mesquita

28/09/2017 19h02

Não sou pastor nem vigário, mas leiam os Salmos. No livro dos Salmos, basicamente, os gêneros vão desde os hinos de louvor, de lamentos, de ação de graças, de confiança, sapiências, até aqueles de estilo poético. Não é  à  toa  que  o  próprio Martinho Lutero classificou-os como “uma pequena Bíblia e resumo do Antigo Testamento”. E Jesus Cristo, após a sua ressurreição, falou aos seus discípulos que “importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lc 24.44). Outro ponto alto da importância dos Salmos está expresso na revelação dos teólogos e estudiosos das Sagradas Escrituras de que “a vinda de Cristo, o seu sofrimento e a sua glória” se acham neles explícitos tanto quanto em todo o Antigo Testamento. É só ler para crer.

O nome Salmos significa Cânticos que podem ser vocais ou instrumentais. Não estou catequizando ou doutrinando. Assevero que posso laborar em equívoco ante a erudição dos teólogos católicos e/ou evangélicos. A abordagem do tema é meramente formal, entusiástica, por me deter encandeado e seduzido pela beleza literária da poesia hebraica de saudação e glória ao Senhor. Evidente que outras passagens de extremo encantamento e excelsa espiritualidade são notórias no Novo Testamento, nos Evangelhos até nas Epístolas, passando pelos Atos dos Apóstolos. Nenhum livro profano do mundo, em todos os tempos, exprimiu tanta sublimação e beleza estética do que a Bíblia. Não me repreendam os mestres da doutrina cristã porque olvidei os livros do Gênesis, Êxodo, Deuteronômio, Samuel I e II, Reis I e II, Jó, Provérbios, Eclesiastes e os profetas maiores: Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, só para citar estes, porque todos são grandes.

 A Bíblia é o repertório de tudo o que depois se escreveu em todas as literaturas do mundo, até hoje. Alguém poderá aduzir que tudo nela foi ditado pelo Espírito Santo, daí a sua extraordinária coerência e monumental fidelidade como legado de Deus à humanidade. Apenas, este pobre texto, que não é ensaio e nem muito menos crítica (quem sou eu!), mas um desejo, também, dirigido a todos para que se harmonizem com os desígnios de Deus. Em Efésios 2.8 e 9: “A salvação é pela graça através da fé”. Se Paulo assim se expressou quando o mundo era menor e menos habitado, tal assertiva é válida para os nossos dias de superpopulação, de milhares de problemas, pecados, mortes, destruições, porque o ser humano é o mesmo, apesar de bilhões terem se animalizados. “Todas as nações estarão representadas no céu” (Apocalipse 5.9; 7.9; 21.2226). Quem vai julgar, a meu ver (sublinhe-se), o conflito religioso palestino não será a ONU, pois é subserviente e ineficaz, – mas, sim, o próprio Deus Trino.

Volto-me para os Salmos. Ao seu deleite, a formidável energia cósmica que eles encerram. Retorno à visão e antevisão dos seus testemunhos, dos seus alumbramentos e de sua santidade. Davi foi o poeta maior, além de rei e pecador, rogando a Deus para apagar as suas transgressões, “segundo a multidão das tuas misericórdias” (Salmo 51). Não consigo enaltecer e destacar Davi na vitória sobre Golias, mas na humildade e perdão revelados após haver possuído Bate-Seba. Inúmeras foram os salmistas mas Davi foi o maior deles. E o Salmo 103 resume quase todos ao abordar perdão, saúde, temor, redenção, restauração, satisfação e justiça. Quando canta “Bendize, ò minha alma, ao Senhor...”, o salmista eleva a sua pequenez às alturas da imensa grandeza do Senhor dos Exércitos. Por fim, salmo bíblico é cultura literária, oração, remédio para muitas curas do corpo e da alma. Quem quiser viver lerá.


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