Cefas Carvalho

05/09/2017 13h35
Em tempos de Trump na Presidência dos EUA, chagas como o racismo e o nazismo voltaram à pauta de debates e mesmo às manchetes. Como vimos nos protestos de nazistas e racistas na cidade de Charlottesville, na Virginia, onde houve confronto físico e uma morte por atropelamento. Os ânimos exaltados na rede e o debate destes problemas norte-americanos e mundiais me remeteram a dois filmes que debatem o racismo que anotei mentalmente para rever esta semana: Mississipi em Chamas e O Sol é Para Todos.
 
Mississipi em Chamas é um drama de Alan Parker de 1988 que fez bastante sucesso à época e concorreu a diversos Oscars. Trata  da história real dos agentes do FBI vividos por Gene Hackman e Willem Dafoe que investigam em 1964 o assassinato de três ativistas negros dos direitos humanos em uma cidade pequena do Mississippi. Claro que as autoridades locais se recusam a cooperar e a comunidade negra tem medo de ajudar. O ponto nevrálgico do filme é quando o agente vivido for Dafoe percebe que seus métodos “intelectuais” e polidos não são resultados, em contrapartida à maneira mais agressiva e direta dom personagem de Hackman resolver as coisas.
 
O filme debate os métodos de se lidar com o racismo, tema bastante debatido esta semana. Uma curiosidade (e um spoiler): A investigação ao assassinato dos três ativistas foi encerrada em 2006 ao fim de 52 anos, sem conclusões e sem culpados.
 
Outro filme, este que me encanta e é um dos maiores clássicos americanos é O Sol é Para Todos, de Robert Mulligan, de 1962. O filme se divide em duas vertentes que se unem e se completam: a primeira na relação do advogado viúvo Atticus Finch com a filha Scout, a quem cria sozinho juntamente com o outro filho. A outra, no fato de que um jovem negro é acusado de estuprar uma jovem branca. Atticus acredita na inocência do rapaz e decide defendê-lo apesar de boa parte da cidade ser contra sua posição.
 
Sobre este filme, não darei spoilers. Mas, registro que as cenas do julgamento e a tensão pré-tribunal são das maiores reflexões sobre o câncer do racismo na sociedade americana e por extensão, nos demais países ocidentais. Vale a pena ver, nestes dias onde o assunto deverá ainda ser muito debatido.

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