Wellington Duarte

05/09/2017 13h27
O Produto Interno Bruto (PIB) variou 0,2% na comparação do segundo contra o primeiro trimestre de 2017, na série com ajuste sazonal. Na comparação com o segundo trimestre de 2016, o PIB variou 0,3%. No acumulado em quatro trimestres, o PIB caiu 1,4% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Já no primeiro semestre de 2017, o PIB apresentou variação nula em relação ao primeiro semestre de 2017, disse o IBGE. Para quem entende um pouco de informação, o PIB está dentro da “economia do caos”.
 
Os papagaios da Globo tentam, de forma tosca, passar a imagem de que o “fundo do poço” acabou e que as “melhoras” começarão a aparecer, embora, ressaltam esses papagaios, a economia esteja “mixa”. Nem o setor agropecuário, que em determinado momento deu margem para esses aduladores dos golpistas criarem esse discurso mentiroso, foi o suficiente para impulsionar a economia, já que a indústria caiu 0,5% comparando o segundo com o primeiro trimestre desse ano e -2,1% no acumulado dos últimos quatro trimestres, ou seja, a realidade econômica, longe dos discursos medíocres de Meirelles esbofeteia diariamente a cara dos brasileiros.
 
A equipe econômica que hoje arrasa o país não tem nem projeto de nação, como aliás o PT, partido hegemônico no governo entre 2003 e 2016, não tinha um projeto de nação, que articulasse o crescimento econômico a um projeto desenvolvimentista cujo pilar central seria o Estado nacional com fortes investimentos em setores estratégicos, que irradiariam efeitos positivos para o setor privado interno e que possibilitariam uma melhor competitividade inclusive no setor externo, nem tem projeto algum, já que o único projeto do mercado financeiro é ganhar dinheiro e eles são apologetas do mercado financeiro.
 
Está cada vez mais claro que o Golpe de maio de 2016 foi uma vergonhosa articulação entre agentes de Estado, mídia oligopolista, setores empresariais, mercado financeiro e todo rebotalho reacionário e fascista que saiu da tumba em 2013 para assombrar da democracia, com a anuência, também criminosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), cujo propósito, embora ainda um tanto quanto nebuloso, era o de PARAR um projeto de natureza popular que beneficiava o “populacho” e “os de baixo”, que hoje retornam ao estado de miserabilidade em que se encontravam em 2002, e o resultado está ai para quem se dispõe a enxergar.
 
O chamado “cidadão comum” que perambula pelas ruas à procura de emprego, com a ameaça concreta de destruição da sua aposentadoria; com o horizonte de ter um mercado de trabalho mais parecido com um mercado persa da antiguidade; com um futuro comprometido já que o Teto dos Gastos deixou uma algema fiscal que tornará os gestores meros síndicos; sem políticas sociais, voltando a mendigar o assistencialismo mequetrefe dos tempos de FHC, vive numa situação em que se depara com o nada pela frente, o que atinge duramente segmentos mais jovens, que eram adolescentes na época em que o governo Lula começou ou aqueles que nasceram quando do início do governo citado.
 
A população está confusa e certamente ainda não percebeu que o Golpe deu-se também devido a um reposicionamento políticos dos EUA, que buscam retomar o “controle” da América Latina e isso passou e passa necessariamente pelo fim dos governos minimamente anti-imperialistas. O chamado “povão”, cuja sobrevivência diária é o que lhe move e que tem uma formação cultural muito ruim, que fez surgir segmentos que reverberam obscenidades civilizatórias, e como a Resistência, ela própria marcada pelos inconsistências ideológicas e pelos “surtos esquerdistas”, não consegue estabelecer um canal de comunicação com ela (a população), provoca a reação natural do indivíduo que é a de como traçar estratégias de sobrevivência e isso inclui demonizar quem foi “eleito” pela elite como o “demônio número um”, o Lula, e acreditar que destruir todas as relações entre o Estado e a sociedade lhe trará alento.
 
A recuperação econômica do país, quando começar, será num ambiente de devastação social e com um aparelho de Estado desfigurado, fragilizado e pervertido, ou seja, uma terra arrasada em que os ricos, protegidos de todo esse processo, estarão mais ricos e elitistas e os pobres empurrados para o gueto social, enquanto a classe média, a grande responsável pelo sucesso do Golpe, estará com a espada de Dâmocles no pescoço, pois terá perdido uma oportunidade histórica de ascenderem socialmente e concretamente ameaçadas de irem par o terrível mundo da pobreza.
 
A massa de desempregados, que bate os 14 milhões, sendo que se agregados os que deixaram de procurar empregos ultrapassa os 20 milhões, não consome porque não tem renda e sem o consumo das famílias é basicamente irreal a retomada dos investimentos privados, o que rebate diretamente na arrecadação de impostos e trava qualquer tentativa dos governos induzirem qualquer setor a retomar os seus investimentos. O cachorro que corre atrás do rabo acaba cansado, caso brasileiro, e esperando algo acontecer.
 
A sociedade brasileira, hoje governada pela República dos Ladrões, na Terra Brazilis, está pagando caro por ter assistido à destruição da democracia e a instalação do “Esculhambaquistão”. O brasileiro, nascido no tal “Gigante Adormecido”, evocado pelos reacionários e fascistas tupiniquins, hoje vive no pesadelo da irracionalidade econômica e poderá acordar em meio a uma terra devastada, com todas as consequências que o “new” Brazil apresentará ao indivíduo.
 
Pindorama está no caos e a Terra Brazilis que está emergindo assustaria até conservadores empedernidos como Roberto Campos, pois sem Estado-Nação, como fazer desenvolver o país?

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