Daniel Costa

31/08/2017 10h44
Vivemos um período de desestruturação social, o que não é novidade para ninguém. Essa desarrumação não acontece somente aqui no Brasil, ainda que as coisas por estas bandas estejam para lá de ruins. O problema é de ordem mundial. Advém do colapso do capitalismo, que entrou numa bancarrota daquelas desde a grande crise financeira de 2008. Até agora não houve recuperação. E a questão que se põe é a seguinte: será que existirá um efetivo restabelecimento?
 
Mesmo os economistas adeptos das ondas de Bronisław Malinowski e das teorias dos ciclos de Schumpeter - que apostam que o capitalismo vive de altos e baixos dentro de um determinado período histórico - estão  andando encabulados diante dessa nova débâcle que parece não ter fim.  A expectativa é a de que por uns 50 anos o mundo permanecerá dentro de uma espécie de redoma econômica, que o impedirá de crescer em taxas aceitáveis. 
 
Se tudo continuar como está, e parece que o establishment quer mesmo que as coisas permaneçam do jeitinho de sempre, países como os Estados Uni-dos e a França verão parte da sua população descer a escada social, formando centros de pobreza similares aos que hoje existem nos países periféricos como, por exemplo, o Brasil. Por sua vez, as atuais regiões subdesenvolvidas cairão ainda mais na vala da miséria, passando a ostentar taxas de crescimento iguais às dos países africanos. 
 
Tudo isso é desalentador, mas muito possível de acontecer. Primeiro, devido aos últimos resultados eleitorais, em que a extrema direita conseguiu granjear mais espaços, como aconteceu na França e nos EUA, o que faz com que a questão do desenvolvimento igualitário fique eclipsada em duas das princi-pais economias do mundo. Depois, em razão dos movimentos antidemocráticos que têm prosperado ao redor do globo, como o que se viu aqui no Brasil, em que um impeachment pastelão serviu de pretexto para alçar à cabeceira do execu-tivo um presidente que exercita o poder na qualidade de vassalo dos donos do mercado, jogando por terra uma plêiade de direitos sociais necessários para o desenvolvimento do país. 
 
O grande capital, no curso dessa tendência, portanto, vai dando as cores do quadro atual, sem se preocupar com o que poderá vir pela frente no que se refere a desigualdade social. Ele faz, assim, vistas grossas para as consequên-cias globais que um novo e irresponsável vendaval de neoliberalismo causará à maioria dos habitantes da nossa terra.   

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